segunda-feira, 28 de setembro de 2009

CONSTRUIR PODE SER UMA OPÇÃO MAIS VIÁVEL PARA TER A CASA PRÓPRIA...

FONTE: *** Alan Rodrigues (CORREIO DA BAHIA).

Construir ou comprar pronto? A pergunta, comum para quem sonha em ter a casa própria, não tem resposta fácil. Comparados friamente, os custos de uma construção autônoma e de uma unidade vendida por uma construtora estão separados por um abismo.
A falta de terrenos bem localizados e a consequente hipervalorização dos espaços remanescentes, somadas à oferta de crédito habitacional com parcelamento a perder de vista, levam o interessado a pensar duas vezes antes de assumir a dor-de-cabeça de tocar uma obra.
Ainda que grande parte dos materiais de construção hoje possa ser financiada, é preciso ter dinheiro em caixa - e não é pouco -, para arcar com as despesas de mão-de-obra. É preciso ter um profissional qualificado à frente do projeto, o que na maioria das vezes não acontece. Caso contrário, o reflexo disso são acabamentos malfeitos, acompanhados de desperdício de material.
Alternativa
Segundo Vicente Matos, presidente do Sindicato da Indústria da Construção na Bahia (Sinduscon), o metro quadrado mais barato de um empreendimento popular hoje em Salvador está em torno de R$ 2,8 mil. Mas pode chegar a R$ 6 mil num prédio de alto padrão, situado num bairro nobre.
Esses preços, ele explica, são compostos por inúmeras variantes, desde a própria localização do terreno ao acabamento, passando pelo projeto. “Um projeto que é repetido em vários empreendimentos tem o preço diluído”.
Na contramão das residências construídas em série e com pagamento fracionado em até 30 anos, está a opção de construir diretamente o imóvel desejado. O primeiro passo, e o mais complicado, é adquirir um terreno em boa localização e com topografia adequada. A principal vantagem de assumir a construção é poder fazer a casa dos sonhos, tudo do jeito que você pensou, se o dinheiro der, é claro. Uma residência de três quartos, com varanda pode sair por menos de R$ 600 o metro quadrado.
Para quem não dispõe de todos os recursos, mas não quer passar a vida pagando prestação, uma alternativa é contratar uma empresa especializada em construção para administrar o serviço. Desde o projeto, compra de materiais, contratação de mão-de-obra, até o gerenciamento da execução, tudo fica por conta da empresa, que cobra entre 10% e 20% do valor total da obra como comissão.
O custo, segundo o empresário William Andrade, sócio da Soterel, empresa de construção civil, cai pela metade se levado em conta o preço do metro quadrado. “Cobramos para construir uma casa em Vilas do Atlântico, no máximo, R$1,1 mil por metro quadrado”, exemplifica Andrade. Ele acrescenta que algumas pessoas têm se associado para a aquisição de casas em bairros onde a ocupação imobiliária está próxima da saturação. “Elas compram, derrubam e levantam pequenos empreendimentos em sistema de condomínio”.
Risco
O diretor técnico da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário na Bahia (Ademi/BA), Luciano Muricy, refuta as comparações baseadas no custo das construções por metro quadrado. Ele admite que as construtoras compram material de construção mais barato, diretamente das fábricas, e que o custo da mão-de-obra e dos projetos é diluído entre os vários empreendimentos, mas aponta um determinante básico para os preços mais elevados.
Segundo Muricy, a construtora assume o custo inicial da obra e depende do avanço das vendas e do repasse dos financiamentos para ter retorno. O contrário de uma empresa que é contratada para projetar e gerenciar a construção. Nesses casos, explica Muricy, o cliente arcacomtodo o custo.
Dicas para não perder tempo e dinheiro.
- Esteja presente. Encontre algum tempo para pelo menos uma vez ao dia visitar o local da obra.
- Não tenha vergonha de perguntar. Procure saber tudo que está sendo feito. Se não concordar, ordene a mudança e, caso seja necessário, mande refazer. É preferível perder parte do material do que não ter o resultado esperado.
- Desconfie das quantidades pedidas pelo pedreiro responsável. Compre material por etapas, mesmo gastando com frete. Muito material acumulado pode se perder ou ser desviado. Mas não deixe a obra desabastecida. Esse é um dos principais motivos para atrasos na construção.
- Combata o desperdício, cobre dos operários o aproveitamento máximo do material utilizado. Restos de cimento ou tijolos quebrados nem sempre precisam ser descartados.
- Cuidado na hora de guardar o material. É comum que areia e brita fiquem do lado de fora da casa, mas no caso de tijolos e telhas, deixe em local reservado. São itens muito fáceis de serem levados durante a noite.
- Assegure que todo o serviço seja discriminado antes do início dos trabalhos e exija do pedreiro responsável uma assinatura para validar o preço acertado. Isso evita eventuais ajustes no valor da obra. Mesmo que ainda não more no imóvel, você e sua família vão frequentar por um bom tempo o ambiente da obra. Por isso, procure ser cordial, mas não permita que o excesso de informalidade se confunda com liberalidade.
- Não esqueça que quem vai morar no imóvel depois da obra é você, portanto a palavra final tem que ser sua.
Passo a passo
1 Terreno Antes de pensar em construir qualquer coisa, é preciso adquirir o terreno. Não sem antes verificar junto à prefeitura se o mesmo está localizado em área de proteção ambiental ou de risco
2 Projeto Procure um arquiteto ou engenheiro para elaborar o projeto da casa. Ele também deverá acompanhar a execução da obra e assinar as anotações de responsabilidade técnica (ARTs)
3 Alvará Antes de dar início à obra, providencie junto à prefeitura o alvará de construção
4 Documentação Exija do profissional contratado uma cópia do projeto e as anotações dos materiais utilizados na construção
5 Habite-se Uma vez concluída a casa, ela só poderá ser ocupada após a vistoria do órgão municipal competente (Sucom) que Construção também é investimento O aposentado José Andrade: ‘O acabamento é o que mais pesa na obra’ No ramo da construção autônoma, como em qualquer outro, experiência é fundamental. O aposentado José Andrade construiu sua primeira casa há quase 30 anos, quando se preparava para casar. Antes mesmo de entrar no imóvel, localizado no Engenho Velho da Federação, descobriu que poderia ganhar dinheiro com isso. “Achei o dobro do que gastei e com a sobra, comprei um terreno no Garcia”, lembra.
Nova construção e desta vez uma proposta ainda melhor. Não teve dúvida, vendeu de novo. A história se repetiu na Cardeal da Silva, IAPI e Sussuarana, onde Seu José vive atualmente em uma das três casas que construiu. As outras duas estão alugadas e completam a aposentadoria.
Mas nem todos têm a mesma sorte. O manobrista Rogério Conceição dedica todo o tempo livre à obra da casa da mãe, que se arrasta há dois anos. Como os irmãos trabalham na construção civil, ele não tem custo com mão-de-obra. Para ele, que não é do ramo, sobra o trabalho pesado. “Tudo que tem para carregar é comigo”.
Como a renda da família é modesta, o material é comprado aos poucos. A obra é feita em mutirão, com ajuda de parentes e vizinhos. A casa está prestes a ser concluída. Segundo Rogério, o único obstáculo é o alto custo dos materiais de acabamento. “Os detalhes são os mais caros”.
*** Notícia publicada na edição impressa do dia 28/09/2009 do CORREIO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário