terça-feira, 3 de novembro de 2009

ANTES QUE SEJA TARDE...

FONTE: IVAN DE CARVALHO (TRIBUNA DA BAHIA).

“Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados, eis o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições. Comecei com para onde vamos? Termino dizendo que é mais do que tempo de dar um basta ao continuísmo, antes que seja tarde”.As linhas acima são as últimas de um artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, publicado ontem, Dia de Finados, em vários jornais do país. O artigo não foi exatamente um dobre de finados pela democracia e a liberdade no Brasil, mas um alerta para que se evite a tempo que isto venha a justificar-se. O texto é bastante longo, mas suas últimas linhas representam uma espécie de síntese da tese, teoria ou, eu prefiro escrever, constatação do antecessor tucano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Confesso que já vinha pensando no assunto há algum tempo e cheguei a abordá-lo ligeiramente com dois ou três interlocutores, testando a tese, com a intenção de tratar do assunto em um ou mais artigos (já que o espaço aqui disponível é bem menor do que aquele usado por FHC). No entanto, o ex-presidente sociólogo saiu na frente e fico satisfeito por isto, uma vez que o número de seus leitores, a influência de suas opiniões e o possível impacto de sua advertência são incomparavelmente maiores do que qualquer escrito meu poderia obter. Isto sem falar na visão política que o ex-senador, ex-ministro e ex-presidente da República terá acumulado sobre os múltiplos fatores em jogo ao longo de sua atuação na vida pública.Abordo o assunto, portanto, para fazer coro. Até porque se muitos que possam fazê-lo não fizerem, se cruzarem os braços e esperarem as coisas ruins contra as quais FHC advertiu, elas acontecerão. Talvez com uma agravante. Pois, como viu o leitor nas últimas linhas do artigo dele que inicialmente reproduzi, o ex-presidente adverte contra o risco do advento de um “subperonismo lulista”.Creio que um “subperonismo lulista” poderia acontecer, sim – e é até lógica e feliz a expressão inventada por FHC –, mas como próxima fase do processo, uma fase que seria mais adiante substituída por algum sistema mais sofisticado e capaz de se impor à nação, comprando a vontade de parte dela, impondo a própria vontade à outra parte e ganhando a capacidade adquirida pelo Partido Revolucionário Institucional, o PRI, que dominou o México por tantas décadas, superando de longe o peronismo.Com o formidável instrumental de que dispõe e as circunstâncias favoráveis existentes (como demonstra FHC em seu artigo), a continuação do PT no comando do poder federal por mais quatro anos no mínimo, com o eventual sucesso da candidatura petista à sucessão de Lula, dará ao PT o acréscimo de tempo de que precisa para reforçar e multiplicar seus tentáculos o suficiente para com eles sufocar a nação. Alguns aliados do PT serão certamente incluídos no projeto. Outros não serão incluídos, nem tampouco excluídos, mas destruídos. Desta última categoria, creio que o derradeiro finado seria o PMDB.

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