domingo, 15 de novembro de 2009

BLOCOS E PALANQUES...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

A semana política na Bahia, especialmente em sua segunda parte, teve como destaque os planos de formação de um grande bloco de oposição ao governo do Estado, formado por bancadas partidárias na Assembleia. O bloco seria composto por PMDB, PR, DEM, PSDB, PTN e PSC, totalizando oficialmente 31 deputados e deixando o governo com a apertadíssima maioria de 32 parlamentares – apenas um a mais.Se o possível futuro bloco de oposição votasse sem qualquer ausência ou dissidência, seria um desastre para o governo. Supondo que a bancada governista também votasse sem ausência ou traição, o escore no plenário seria sempre empate, forçando o presidente Marcelo Nilo a desempatar em todos os casos, dando o voto de minerva. Nas votações secretas, prevalecendo as condições já mencionadas, e nas quais o presidente vota como qualquer outro parlamentar, o escore seria sempre 33 a 32.
Mas quem é que disse que aquelas condições rígidas de nenhuma ausência e nenhuma dissidência ou traição se concretizariam? Não haveria qualquer garantia quanto a isso. Há deputados que estariam formalmente no bloco da oposição, mas vêm se comportando como governistas desde o início do governo ou foram cooptados algum tempo depois. Dos seis deputados do PR, quatro estão nessa situação. E, procurando, um ou outro a mais se achará em algum outro partido, pelo menos em posições (políticas) ainda duvidosas.
No entanto, como nas votações secretas, como dizia Tancredo Neves, “dá uma vontade danada de trair”, o escore apertado provavelmente tornaria em alguns governistas essa vontade em uma compulsão. Assim, as votações secretas seriam realizadas literalmente às cegas, no escuro, como convém – para isto são secretas. Olha aí uma vantagem democrática do equilíbrio político.
Já nas votações abertas, como governo é governo, os governistas da bancada governista não trairiam. Mas, quanto aos governistas da bancada da oposição? Gostariam de votar no governo e votariam. Salvo se os partidos do bloco de oposição – ou simplesmente os partidos da oposição nos quais existissem “suspeitos” fechassem questão contra a posição do governo, cumprindo as devidas formalidades. Nesses casos, haveria contrariedade, uma boa desculpa, riscos, desespero, risos e ranger de dentes.
Esse inflado bloco de oposição, além disso, modificaria totalmente a matemática das comissões permanentes e especiais da Assembleia, uma matemática que, de uns tempos para cá, tornou-se mutante para adaptar-se aos interesses da maioria.Segundo leio na Tribuna, o PT, por seu líder Paulo Rangel, replica com a ameaça de que, “a consolidação de um bloco sistemático de oposição” contra o governo Wagner “consagraria o racha entre a legenda do ministro (Geddel) e a do presidente Lula e colocaria um ponto final na possibilidade de dois palanques de Dilma na Bahia, conforme prevê o PMDB”.
Desconsiderando o fato de que este seria, no mundo, o primeiro racha a ser “consagrado”, não se deve por ponto final no começo de uma história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário