quarta-feira, 4 de novembro de 2009

BOMBAS E MENSALÃO...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Obramanismo, assim como a Teosofia, nos falam de algo muito importante, Mahamaya, que significa A Grande Ilusão.Mahamaya, a Grande Ilusão, seria nada mais, nada menos do que o Universo. Para nós, real, pois individualmente somos parte dessa ilusão e não conseguimos perceber o que há por trás da máscara da formidável realidade. O Universo, portanto, é real para si mesmo, mas em verdade é uma ilusão quando confrontado com a verdadeira realidade – Brahaman, com o seu pensamento, que o bramanismo denomina Parabrahman, e a matéria perene, incrivelmente sutil e indiferenciada (o caos aparente) destinada a tornar-se provisoriamente o Universo em um número interminável, infinito de ciclos, numa evolução sem fim.Mas este é um espaço preferencialmente dedicado à política. E embora tentado a prosseguir no grande tema abordado até aqui – o que talvez fizesse se hoje fosse sábado – obrigo-me a conduzir este artigo para o rumo apontado pela finalidade do espaço em que é publicado. Não será possível, assim, prosseguir tratando de Mahamaya, a Grande Ilusão, mas creio que possa, até porque na política isto cada vez mais parece natural e adequado, falar de maya, não aquela representada pela bela Juliana Paes na bonitinha, mas ordinária novela "Caminho das Índias", e sim de maya, a ilusão. Maya, a ilusão sem maha (grande), que pode ser linda como a atriz, ou asquerosa como o engano, a mentira, o disfarce, o encobrimento. Recentemente, tratei aqui, e não apenas uma só vez, do tresloucado presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, tentando impor ao mundo duas ilusões desse último tipo.Uma, ao buscar encobrir, com uma peneira que não tapa o sol, mas com o inacreditável apoio da diplomacia e do governo brasileiro, o caráter bélico do programa nuclear iraniano, apoio dado imediatamente após descobrir-se ou revelar-se que – além das suas instalações nucleares conhecidas, cuja fiscalização pela Agência Internacional de Energia Atômica o Irã tem inviabilizado sistematicamente – o governo iraniano construiu uma planta nuclear subterrânea e secreta demasiado pequena para produção de energia elétrica, mas suficiente para produzir armas nucleares.A outra ilusão que já pela segunda vez o reeleito presidente Ahmadinejad (a primeira vez foi às vésperas da reeleição) tenta impingir a ilusão de que o Holocausto (a matança de seis milhões de judeus pelo nazismo) foi apenas “propaganda para justificar a criação do Estado de Israel”, nas palavras de Ahmadinejad, disposto a “varrer Israel do mapa”. O mesmo Ahmadinejad que o governo brasileiro vai receber no dia 23 com festa e os tradicionais rapapés do Itamaraty.Mas nem só de Ahmadinejad vive maya. Também de mensalão. Como o citado presidente nega o Holocausto, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque, do PSB, como testemunha de defesa do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, afirmou ontem na 12ª Vara Federal do Distrito Federal que o chamado esquema do mensalão nunca existiu. Lula dizia que não sabia do mensalão. Agora, dizem que nem existiu. Foi maya.

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