quinta-feira, 5 de novembro de 2009

CASO PEDRA: TESTEMUNHAS DIZEM QUE SUSPEITO FAZ PONTO NO CENTRO...

FONTE: *** Bruno Villa e Mariana Rios (CORREIO DA BAHIA).
Dois dias antes de assassinar a facadas o jornalista Jorge Pedra, 52 anos, o garoto de programa suspeito do crime, inicialmente identificado como Rogério, foi visto na Carlos Gomes, por volta das 2h da madrugada. A travesti de pré-nome Fábio, 26 anos, afirma ter sido abordada pelo suspeito no dia 30 de outubro, em frente ao bar gay Âncora do Marujo. “Ele estava muito nervoso e me pediu dinheiro. Perguntei para que mas ele não respondeu e se afastou”, contou, depois de ter visto o retrato falado publicado com exclusividade pelo CORREIO. A travesti, que realiza performances no bar, disse já ter visto o suspeito outras vezes e que ele faz “ponto” no local.
A Carlos Gomes foi apontada por testemunhas como um dos possíveis pontos onde trabalhava o garoto de programa. O eletricista Josias Menezes, 43, que mora na região, confirmou o relato da travesti. “Já vi um rapaz parecido com ele perto do Tchê Night Club, aqui tem muito garoto de programa”, disse.
Um frequentador da sauna gay Planetário XI, no Tororó, também reconheceu o retrato falado publicado pelo CORREIO. Há dois meses ele esteve na Carlos Gomes à procura de garotos de programa e viu o suspeito. O suspeito também já foi visto aguardando clientes no Relógio de São Pedro.
DEPOIMENTO.
Na quarta-feira (4) pela manhã, dois funcionários do Hotel Democrata foram ouvidos pela titular da delegacia de Homicídios, Francineide Moura, e não reconheceram a imagem do retrato falado. Eles alegaram não ter visto o rosto do homem que acompanhou Pedra no dia do assassinato. “Segundo o depoimento, Pedra chegou primeiro ao hotel, pegou a chave do quarto, pagou e saiu. Pouco tempo depois, voltou acompanhado. Os funcionários contaram que o homem subiu escondendo o rosto”, explicou Francineide.
Meia hora após a passagem de Pedra pela recepção com o acompanhante, os funcionários relataram ter ouvido um barulho e em seguida, um homem correndo pelo corredor, segurando algo nas mãos - possivelmente, o celular e a chave do carro de Pedra, um Honda City.
Ainda de acordo com os funcionários, não era a primeira vez que Pedra chegava acompanhado do rapaz que o assassinou. No dia do crime, o hotel registrou pouco movimento e uma festa com som alto acontecia próximo. “Estamos tentando identificar algum cliente dos apartamentos que tenha visto o suspeito correndo”, disse Francineide. O companheiro de Pedra, Gilmar Pereira, 24, acompanhado da irmã do apresentador Adelina Pedra, também esteve ontem (4) na delegacia.
GGB COBRA AÇÕES DO GOVERNO.

O Grupo Gay da Bahia (GGB) aproveitou a visita do ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, para cobrar do governo federal a imediata execução das 55 ações do Programa Brasil Sem Homofobia, criado em 2004. “Queremos mais diálogo e menos burocracia com o governo”, reclamou o fundador do GGB, o antropólogo Luiz Mott.
Segundo ele, o ministro garantiu que vai estreitar as relações com o movimento homossexual. Vannuchi participou no final da tarde de ontem (4), na Biblioteca Central, nos Barris, da homenagem aos 40 anos da morte do guerrilheiro baiano Carlos Marighela.
DELEGADA PEDE AJUDA À POPULAÇÃO.

A Polícia Civil continua em busca do assassino. “Estão todos apavorados (os funcionários do hotel). Eles trabalham no local e tem medo de se arriscar”, afirmou a delegada Francineide Moura, que pediu a ajuda da comunidade e dos taxistas. Ela divulgou o telefone 3117-6117 para informações.
SUCOM AUTUA 4 HOTÉIS DO DOIS DE JULHO.

Quatro hotéis que funcionavam como motéis no Largo Dois de Julho foram autuados e notificados ontem (4) à tarde por uma equipe de fiscalização da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo (Sucom).
Os hotéis Democrata - onde ocorreu o assassinato domingo do apresentador Jorge Pedra -, Capri, Pirâmide e Las Vegas devem exercer apenas a atividade de hotel, para qual possuem alvará de funcionamento emitido pelo órgão. Caso insistam em aceitar clientes como motel, a Sucom ameaça interditar os estabelecimentos. “Os locais foram notificados, autuados e sofreram embargo administrativo da atividade de motel”, explicou o coordenador de comunicação da Sucom, Pedro Castro.
A medida foi anunciada em reunião no Grupo Gay da Bahia (GGB), para discutir ações que garantam a segurança dos usuários de hotéis e motéis do centro de Salvador. “O procedimento não deve ser entendido como conservador, mas como forma de garantir que estes locais funcionem dentro da legalidade e com segurança”, disse o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - Bahia prometeu enviar comunicado aos associados cobrando o registro de hóspedes.

*** Notícia publicada na edição impressa do dia 05/11/2009 do CORREIO.

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