sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CONSCIÊNCIA NEGRA...

FONTE: Cristiane Flores (TRIBUNA DA BAHIA).
O Vinte de Novembro é dedicado à reflexão do negro sobre sua inserção na sociedade brasileira, o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi escolhida pelo Movimento Negro Unificado em 1978 para homenagear um ícone da luta contra escravidão, Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695. Em 300 cidades brasileiras a data é feriado, inclusive Rio de Janeiro e São Paulo. Salvador, onde concendente mais de 80% da sua população afrodescendente, não aderiu ao feriado. Entretanto várias atividades marcam o dia. A programação inclui até visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fará um ato público com o governador Jaques Wagner na Praça Castro Alves às 16h, onde em seguida vai acontecer um show de Margareth Menezes. Antes do ato público acontece, às 14h, a tradicional caminhada do Ilê Aiyê da Liberdade ao Centro Histórico, cujo tema é Basta a Violência.
No Forte Santo Antônio além do Carmo, o dia da Consciência Negra será lembrado por palestras e debates do Mestre Medicina, Luís Oliveira Rocha às 19 horas. Mesmo ainda em obras, o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, no Centro Histórico de Salvador, apresentará o seu primeiro evento. Trata-se da megaexposição internacional “Benin está vivo e ainda lá – ancestralidade e contemporaneidade”, que traduz a criatividade artística e os valores culturais do Benin. A mostra permanecerá aberta ao público, gratuitamente, até o dia 3 de janeiro de 2010, de terça a domingo, das 9h às 17h.
De acordo com Aliomar de Jesus Almeida, vice-presidente do Ilê Aiyê, o Dia da Consciência Negra é celebrado no dia 20 e não no dia 13 de maio, porque a abolição não é motivo para celebrar. Logo após o decreto da princesa Isabel, foi implementada a Lei da Vadiagem, política que criminalizava a desolação ou o perambular e era geralmente aplicada contra homens negros desempregados. “O dia 13 de maio não foi um presente, foi um castigo, a abolição jogou o negro na sarjeta a partir da lei da vadiagem. O 20 de novembro sim representa um dia para reflexão, pois nesta data morreu Zumbi dos Palmares que de fato lutou pela libertação do negro. Por isso no dia da consciência negra paramos para discutir políticas de reparação para o negro no Brasil e principalmente em Salvador onde mais de 80% da população é afrodescendente e infelizmente ainda vivem a margem da sociedade”, explica Aliomar.
POLÍTICAS PÚBLICAS SÃO INSUFICIENTES.
Para Aliomar de Jesus Almeida, embora nos últimos anos tenham ocorrido avanços como as cotas para negros nas universidades, e a criação da Fundação Palmares, que atua com os Quilombolas, as políticas públicas ainda são insuficientes para a reparação social do negro. “O sistema de cotas foi uma conquista muito valiosa, mas infelizmente as escolas públicas estão degradadas . Sinceramente eu não vejo outra forma de inserção social sem investimento na Educação, pois a maioria dos negros vive na periferia e seus pais não têm condições de custear uma escola particular. Com isso acabam caindo na marginalidade. Portanto a segurança pública está ligada a falta de políticas públicas voltadas para a educação”, opina o vice-presidente do Ilê Aiyê.
“A grande vitória para nossa entidade é ver nascer várias instituições voltadas para a cultura afro. Por conta disso, estamos conseguindo mudar a consciência do negro e fazer com que ele se enxergue como belo, além do reconhecimento de sua ancestralidade. É importante ressaltar que esse resgate à ancestralidade faz com que afrodescendentes de outros países venham até a Bahia para saber mais sobre sua etnia. Nesses 35 anos a missão do Ilê Aiyê tem sido difundir e preservar a cultura africana não só no Brasil como em outros países”, concluí Aliomar.

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