segunda-feira, 16 de novembro de 2009

DE VOLTA À FBC...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Onde foi mesmo que eu parei? Lembro agora. Tinha duas ideias na cabeça. A primeira, um comentário sobre o suposto dilema do prefeito João Henrique de disputar uma cadeira no Senado em 2010. O ponteiro da balança apontava o mesmo peso quando se levava em conta o lado racional do nosso alcaide e a sua face sentimental. Penso comigo: deve ser um dilema atroz querer concluir um mandato de quatro anos (restam-lhe ainda três) ou optar por encurtá-lo em dois anos e se jogar por essa Bahia afora em busca de votos que o conduzam ao Senado. Recebi a visita do prefeito numa situação bastante desvantajosa para mim, mas pude perceber que ele tende a continuar a carregar as pedras dessa cidade nas costas mesmo sob a ameaça de tornar-se corcunda. Tive a sensação de que João está disposto a ficar onde está. A outra ideia em mente era escrever uma matéria sobre um esclarecedor papo com Luiz Caetano, prefeito de Camaçari. O homem tem uma lucidez e uma visão futurista capazes de fazer petistas ortodoxos se imolarem em praça pública.
A cena não seria agradável, mas... Tenho em mãos o teor da conversa com Caetano e guardo na memória os principais trechos da entrevista. Logo os leitores saberão o que pensa o representante do PT que não confessa – nem precisava – porém é pule de dez para suceder o governador Jaques Wagner na hipótese deste ser reconduzido ao cargo ano que vem. Os dois personagens – João e Caetano – surgiram no meu cérebro na manhã de quarta-feira, dia 28 passado. Bastava chegar à redação e elaborar os dois textos que fervilhavam no meu consciente. Dezessete dias se passaram e só hoje (ontem, na verdade) me senti livre para voar. Um infarto tirou-me de campo no exato momento em que estava preparado para fazer um gol de placa. Não consegui chutar a bola para dentro das redes, mas em composição ganhei um novo stend e uma receita florida de medicamentos cujos preços estão pela hora da morte. O que se há de fazer se “meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim”? Poético, não? Embora nada prático.Longe de mim incorporar o espírito de Pollyanna, mas os nove dias na Fundação Bahiana de Cardiologia (FBC), minha velha conhecida, me proporcionaram recordações reconfortantes e mexeram com a minha insensibilidade. A agonia foi tanta que não atinei a gravar os nomes dos médicos que me ressuscitaram. Pô, mas também estava praticamente morto! Recordo do modo gentil que enfermeiras e auxiliares tratavam dos pacientes, mesmo os mais impacientes. E da firmeza e do alto grau de profissionalismo dos doutores Álvaro Rabelo, presidente da FBC, Emerson Porto e Eder Oliveira, dentro tantos outros. Não estaria de bem comigo mesmo se não citasse – esqueci o nome, aliás, nem o perguntei – da bela e eficiente fisioterapeuta, que assustava pela beleza dos olhos azuis (ou verdes?), fala mansa e carinhosa e um sorriso esbanjando otimismo. Espero revê-los a todos, mas em outra condição.

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