sexta-feira, 20 de novembro de 2009

‘ESTUPRADOR DA PARALELA’ AMEAÇAVA MATAR JOVENS QUE NÃO O ATENDESSE...

FONTE: *** Mariana Rios e Felipe Amorim (CORREIO DA BAHIA).
Suas vítimas eram estudantes universitárias, bonitas, de pouco mais de 20 anos, que passavam a pé pela Avenida Paralela, próximo a shoppings e faculdades. Elas eram estupradas, sempre em motéis baratos, e depois levadas para fazer saques e compras. Na sua sexta vítima, a audácia de Gessé Silva dos Santos, 24 anos, o denunciou.
‘ESTUPRADOR DA PARALELA’ ADMITE QUATRO ATAQUES.
Ele foi flagrado, em setembro, pelas câmeras de segurança de um supermercado na Rótula do Abacaxi, onde gastou R$ 800 em eletroeletrônicos, roupas e alimentos, durante uma hora em companhia da mulher que ele havia violentado pouco antes, em um motel na Avenida Barros Reis. Ele foi preso na última quarta-feira, na casa de sua irmã, em Jardim Nova Esperança, com base em um mandado de prisão temporária conseguido após dois meses de investigação.
Nesse período, ele foi identificado também por outras três mulheres que foram estupradas. Na quinta-feira (19), outras duas vítimas fizeram o reconhecimento de Gessé na 16ª Delegacia (Pituba), onde ele está preso, e, depois que o caso ganhou os telejornais da manhã, mais uma mulher que teria sido violentada por ele procurou a polícia.
Além dos seis casos de estupro já confirmados, Gessé é acusado também de assaltar outras oito pessoas. “Ele confessou todos os crimes. O modus operandi era esse: ele roubava e estuprava ou estuprava e roubava. Ele só não estuprava as vítimas quando havia um empecilho, como o tempo ou a situação”, revela a delegada do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) Carmen Dolores, responsável pela investigação.
ABORDAGEM.
Sempre bem vestido, Gessé abordava suas vítimas se dizendo um ex-presidiário foragido e, ameaçando portar uma arma na pochete, fazia elas se comportarem como suas namoradas para não chamar a atenção. “Ele tinha um poder de persuasão muito grande. As vítimas não reagiam”, comenta a delegada Carmen.
A polícia não encontrou armas ou drogas com ele. Uma das vítimas, que ele levou de táxi- pago por ela- ao motel, começou a chorar ao passar pela recepção, mas Gessé conseguiu ludibriar os funcionários dizendo que ela era sua mulher e que chorava porque estava grávida. “Achei ele frio durante o depoimento. Não hesitava nas respostas e não demonstrou arrependimento”, comentou Carmen.
Gessé foi preso em 2006 por tentativa de estupro a uma menina de 11 anos. Ele foi solto em março deste ano, após ser condenado a quatro anos de prisão em regime semiaberto, e o juiz conceder a ele o direito de apelar em liberdade.

ESTUPRADOR AMEAÇOU JOGAR ESTUDANTE DE PASSARELA.

FONTE: Bruno Wendel (CORREIO DA BAHIA).

“Foi a pior experiência de minha vida”. O desabafo é da estudante de fisioterapia da Jorge Amado, E.J.L., 22 anos, uma das vítimas de Gessé. Na quinta-feira (19) à tarde, após tomar conhecimento da prisão do estuprador pela imprensa, ela foi à 16ª Delegacia (Pituba), onde prestou depoimento.
A jovem contou que foi abordada no ponto do Extra Paralela, quando retornava para casa, em Sussuarana, em setembro último. “Por volta das 22h ele se aproximou e exibiu a arma na cintura. Me levou para o centro da passarela, onde ficamos parados por 20 minutos. Foi o momento em que vasculhou minha bolsa e pegou meu celular e o pen drive”.
Segundo a vítima, Gessé ameaçou jogá-la da passarela caso chamasse a atenção de alguém. Em seguida, a jovem foi obrigada a ir até o supermercado, onde fez compras no valor de R$ 200. “Tive que usar meu cartão para comprar roupas e tênis para ele”.
Depois foi levada até o ponto de ônibus. “Ele olhava para vários lados como se planejasse me levar pra algum lugar, mas peguei o primeiro ônibus”. A jovem saltou em Pau da Lima, onde ligou para os pais. Traumatizada, a universitária passou a não andar mais sozinha. Mas um mês após o assalto, ela chegava à faculdade e o desespero tomou- lhe por inteiro: “Vi ele próximo à entrada. Fiquei tão nervosa que entrei às pressas”
VÍTIMA NÃO REAGE A ATAQUE POR MEDO.
Quando acompanhou o desvendar do assassinato da médica paulista Rita de Cássia Martinez, em agosto deste ano, a estudante Bianca*, 25 anos, pensou: “Essa mulher é besta. Como não esboçou reação? ”Um mês depois, ela se viu em uma situação igual. Não foi rendida no estacionamento do shopping, como Rita, mas perambulou por quase duas horas por lojas e corredores em companhia do algoz
“Ele falava sempre que ia me matar, que me estouraria. Pensei que ele estivesse armado. Não quis arriscar saber se era verdade. Ele não tinha nada a perder. Fiquei com medo de morrer. Não pensei em reagir, apenas em lhe entregar o dinheiro”, revelou a estudante, rendida quando atravessava a Paralela na noite de 10 de setembro.
Gessé apresentou-se como ex-presidiário e mandou que ela lhe desse a mão e fingisse ser sua namorada. Dentro do táxi, sussurrava em seu ouvido: “Me beije, converse comigo, pegue na minha perna”. No shopping, fizeram saques e compras: um tênis, um televisor e até um suplemento alimentar. “Agiria da mesma forma hoje, mas estou com medo”, lembrou a jovem.

*** Notícia publicada na edição impressa do dia 20/11/2009 do CORREIO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário