sexta-feira, 20 de novembro de 2009

FUMANTES ALERTADOS PARA O VÍCIO...

FONTE: Cristiane Flores (TRIBUNA DA BAHIA).

“Não sou fumante, só fumo quando estou bebendo ou estressada” ou “deixei de fumar, esse é só para passar o tempo”. Estas são algumas das desculpas mirabolantes dadas por quem pensa que não consegue viver sem cigarro, cigarrilhas, charutos ou afins. Muitas destas frases tentam explicar o motivo do vício. O tabagismo pode causar desde pigarros, ou tosses constantes, até enfisema pulmonar ou câncer de pulmão, boca ou garganta.
Com o objetivo de alertar os perigos do fumo, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), através da Vigilância Epidemiológica de Salvador e em parceria com o Hospital das Clínicas (HC), realizou a ação Salvador Saudável. O evento, que aconteceu na manhã de ontem, na Praça da Piedade, teve ainda a participação de bandas locais e aulão de ginástica. Quem passou pelo local pôde fazer o exame de espirometria, que avalia a função pulmonar.
O exame é fundamental para o diagnóstico da Doença Pulmonar Crônica (DPOC), que atinge aproximadamente 15% dos fumantes. Durante o evento, os interessados passaram por uma triagem e, se diagnosticada a DPOC, já saíram do local com um agendamento prévio para uma consulta com especialista, no HC. “Isso foi muito importante, nem acredito que vou receber ajuda para deixar o cigarro”, disse o vendedor Daniel Moreira, 46 anos.
Depois de fazer a espirometria, um pouco tímido, ele participou da aula de ginástica com um professor de educação física. Em minutos, Daniel já fazia parte da linha de frente da equipe de ginástica. “Vou fazer todos os dias, vai me ajudar a deixar de fumar”, disse em relação às aulas. Muito feliz, a esposa do vendedor, Marizete Alves, 43 anos, também se alegrou com a iniciativa. “Aqui ele descobriu que tem que parar de fumar e procurar um médico, inclusive, a consulta já está agendada”.
Daniel, assim como tantos outros, é um paciente propício à DPOC, que se manifesta após os 40 anos de idade em pessoas que fumaram por um longo período ou ainda são viciadas. “Após a triagem, em média 50% dos examinados apresentam a doença”, disse a integrante do grupo de controle de tabagismo do município Sandra Freitas. Segundo ela, é de fundamental importância que o diagnóstico seja feito precocemente. “Assim, o tratamento pode acontecer o quanto antes, sendo mais eficaz”, destacou.
Orgulhosa com a nova conquista, a dona-de-casa Telma Maria Pereira, 40 anos, ressaltou menquanto aguardava na fila o momento de ser examinada: “Parei de fumar há dez dias”. Fumante há 25 anos, a dona-de-casa, contou ter experimentado o tabaco pela primeira vez aos 13 anos. “Só larguei depois que consegui ajuda”, disse ela, que faz tratamento no Centro de Saúde Municipal do Candeal.
“Essa iniciativa é muito importante, pois abre os olhos dos fumantes para os problemas relacionados ao fumo”, destacou João Ayres, 46 anos. Fumante há 17 anos, atualmente ele reduziu de uma carteira (20 cigarros), para cinco cigarros diários. – “Qualquer atividade física deve ser praticada diariamente, principalmente por fumantes, pois ajuda na respiração correta”, destacou o professor de Educação Física Abraão Simões. Segundo ele, é essencial que todos os praticantes tenham acompanhamento de um profissional adequado. “Ele é quem vai dar o suporte necessário e as atividades adequadas para cada pessoa”, disse enquanto chamava a comunidade para malhar.
Aos poucos a população foi perdendo a timidez e se rendeu ao esporte. “Até já estou me sentindo melhor, depois desses minutos de ginástica. Agora vou me matricular numa academia e continuar todos os dias”, disse, bastante empolgada, a professora Maria da Anunciação Silveira, 45 anos. Fumante desde os 16 anos de idade, ela já sente dificuldades em trabalhar. “Percebo que aos poucos meu fôlego vai sumindo e, como trabalho exclusivamente com a voz, a situação é ainda pior”, disse. Maria da Anunciação criou coragem para pedir ajuda. “Não sabia que o município dispunha de um trabalho como esse. De ajudar quem quer deixar o vício mas não sabe como”. A professora informou que durante mais de 20 anos largou o vício várias vezes. “Ou pelo menos tentava, mas sozinha é muito difícil. Sem acompanhamento você acaba voltando muito pior”.
Sozinho nunca – “Nunca se deve parar de fumar sozinho”, alertou Jozenilza Carvalho, outra integrante do grupo de controle ao tabagismo. Conforme ela, o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com médicos, odontólogos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais é fundamental.

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