quarta-feira, 11 de novembro de 2009

GUERREIRO E O ORIXÁS CENTER...

FONTE: Jolivaldo Freitas (TRIBUNA DA BAHIA).

Gosto de Fernando Guerreiro, nosso diretor de teatro, pois o cara assume seu perfil de esculacho e não faz pose de Shakespeare para enganar os trouxas, como alguns que conheço por aí. Deixo claro que ele nem me conhece. Mas o admiro como bem sucedido autor e diretor e agora animando (de verdade), o programa que apresenta na Metrópole, pois ele é o leit motivo, embora todos que atuam sejam pessoas inteligentes. Tão inteligentes que o usam como escada, o que é natural, pois ele é mais despachado. Mas não é que Guerreiro invocou de vez com o Orixás Center, aquele shopping que fica nas confluências do São Raimundo, com a Gamboa de Cima e Avenida Sete? Todo dia chama a atenção. Mas, é mesmo para ficar extasiado com o que se transformou o lugar. Eu mesmo tinha notado e apreciado suas características, mas nunca tinha atentado para sua especificidade. Guerreiro fica abestalhado com o que vê de fauna, coisas e objetos. Ele estava falando outro dia, se divertindo no programa e eu lembrando que quando o Orixás Center foi implantado era para ser um shopping alternativo para o povo cla classe A. E durante uns dois anos conseguiu mesmo. Até o Peji, que era o único bar e que ficava num canto, atraia comerciantes, empresários, artistas e nós jornalistas que temos o péssimo hábito de seguir a moda e depois socializar, estragando tudo. Basta publicar uma reportagem falando bem do recinto que o dono se acha logo na obrigação de botar a cerveja a preços de Hilton, o ensopado a valores de nouvelle cuisine e aparecem os guardadores de carro: - É dez real, doutor! Outro dia, depois de muitos anos, voltei lá , e encontrei o cara que era dono de uma loja de calças Lee, quando esta marca era sinônimo de algo fashion-descolado. Ele me disse que com o passar do tempo foi mudando de ramo. Da calças passou a vender objetos de decoração. Em seguida material elétrico, para depois botar um restaurante e agora está atuando no ramo de roupas emprestadas. Se prepara para ganhar uma bolada com a chegada da temporada de formatura e casamento. Mas, perguntei se o povo não casava mesmo no mês de maio. Ele respondeu com jeito de filósofo: - É a mudança climática. O baiano prefere casar em dezembro pois sabe que não vai chover na hora da festa. Coisa do degelo polar. Respondi: - Puxa! (Fiquei abestalhado, claro) Ele então completou para meu espanto: - Além do mais o pessoal recebe o décimo-terceiro e gasta com a festa. É verdade. Porque não pensei nisso? Mas, ele me disse que vai mudar novamente de ramo. Quer colocar uma loja de fantasias. Eu inquiri se não era esparro, pois fantasia só dá lucro no Carnaval. Ele me olhou como quem olha um imbecil, que realmente sou, e disse que ninguém mais usa fantasia no Carnaval e onde é que eu estava, se fora do planeta, para não saber disso. Garantiu que toda semana tem uma festa a fantasia rolando em algum clube ou condomínio e que os proprietários das lojas de aluguel estavam felizes da vida. E virando-se rápido disse:
- Olha lá!
Me saiu lá da loja, saltitantes, um grupo de dois Batmans, um Robin, um Elvis, um cara vestido de Homem Aranha, duas moças de bailarina e um senhor com roupa de policial americano.
Era uma alegria só.
Insisti: - Mas a festa é aqui?
Respondeu: - Não. Você não viu nada.
Fui.

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