quarta-feira, 18 de novembro de 2009

MARCELO CORDEIRO E OUTROS FANTASMAS...

FONTE: Jolivaldo Freitas (TRIBUNA DA BAHIA).

Acredite, acordei todo assustado certo dia da semana passada, por ter sonhado um sonho pesado, quase pesadelo, chegando à beira de me mijar todo, mas segurei a bexiga na hora certa e não passei vergonha domiciliar, em que fantasmas vinham assombrar meu sono, querendo me levar para o fundo do mar. Pior é que não eram fantasmas aquáticos, submarítimos ou abissais, mas fantasmas do ar que queriam porque queriam me tirar à força da catraia ou eu enfrentava vento forte e ondas imensas. Ainda se fossem tritões ou míticas sereias...
Na verdade cada fantasma tinha um cara conhecida ou alguém que eu já tinha visto em algum lugar. Dentre os fantasmas identifiquei Van Gogh, Garrincha, Noel Rosa (medonho de dar medo), o irmão de Fernando Collor cujo nome esvaiu-se da minha memória, meu tio Saturnino, que tinha o péssimo hábito de falar cuspindo, o padre de batina preta da Igreja da Boa Viagem, que também deixei o nome para trás e que batia em minha cabeça com o crucifixo somente por que certo dia comi as hóstias com açúcar e roubei o vinho da sacristia, que eram o corpo e o sangue de Cristo, quando descobri que morder a hóstia não saía sangue e passei as informações para todos os meninos da minha rua. E vi entre eles a cara de Marcelo Cordeiro.
Não que Marcelo Cordeiro tenha ido desta para melhor, pelo contrário, ele está bem melhor nesta e se dando bem. Foi então que juntei tudo e descobri de onde partira o sonho sonhado. Dias antes eu tinha ouvido Marcelo Cordeiro falando sobre a queda do muro de Berlim numa rádio daqui mesmo da cidade do São Salvador da Baía de Todos os Santos. Levei um susto e perguntei para mim mesmo: - É Marcelo Cordeiro? Será que ele vai se aventurar de novo na política?
Fiquei pasmo porque conheci Marcelo Cordeiro professor bonitão do Colégio 2 de Julho, numa época em que os militares comiam o couro da gente ou ameaçava estripar. Nós, jovens jornalistas decidimos fazer daquele rostinho bonito que fazia as adolescentes irem aos suspiros nas salas de aula, um digno representante da esquerda baiana (eu, festivo, claro). Pedimos votos para ele; qualquer assunto a gente dava um jeito de colocá-lo para uma opinião, que era o modus operandi de tê-lo na mídia.
Ele foi campeão de votos pelo MDB como vereador e depois partir para ser deputado federal. Foi o erro. Não se sabe que diabos ele fez na Câmara, mas terminou se bandeando para os lados do ex-governador Orestes Quércia, de São Paulo – governante acusado de desvio de alguns bilhões – e caiu no ostracismo. Na penúltima vez que ouvi falar dele eu estava cobrindo eleições em Canal, se não me engano hoje América Dourada, no sertão, e o povo comentava na feira que um avião tinha passado e jogado panfleto de Marcelo. A última vez foi na tentativa de voltar à política, mas não deu.
Realmente levei um susto quando o ouvi comentando política e acho que ele quer voltar. Já imaginou se todos aqueles quiserem voltar (Élquisson Soares, Filemon Mattos, Genebaldo Correia e outros)?. Meu sonho foi um drama anunciado. Valei-me São Chico Pinto! Olhai por nós São Ulysses Guimarães! Larga meu pé seus fantasma feios.

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