sábado, 21 de novembro de 2009

RIQUEZA NO MAR...

FONTE: JanioLopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Decidi manter o tema pré-sal na ordem do dia pela sua relevância e seus efeitos internos e externos. Há, no site da Petrobras, uma infinidade de informações sobre a nova descoberta da estatal, estimativas de reservas, investimentos e perspectivas de geração de empregos. É algo bilionário, como já disse ontem. O importante é que, por parte da Petrobras, o assunto tem sido tratado de uma maneira extremamente séria, sem coloração política e sem pirotecnia. Acredito que governistas gostariam que o pré-sal fosse abordado como uma espécie de rica película hollywoodiana, onde eles, os governistas, desempenhassem o papel dos mocinhos a resguardar a virgindade das donzelas.
A propósito, leio na revista Exame uma bem detalhada matéria sobre a questão. Gostaria, pois, de reproduzir parte dela para que o leitor tenha a dimensão do problema que pode e deve ser a solução para os nossos maiores males. “Desde que foram anunciadas reservas gigantescas de petróleo na camada do pré-sal da costa brasileira, há quase dois anos, uma acalorada discussão começou sobre os riscos para o país com a extração a granel da riqueza do fundo do oceano.
A advertência: a abundância de petróleo, se não for bem gerida, pode se tornar uma maldição, em lugar de uma bênção, a exemplo do que acontece em tantos países — riquíssimos em petróleo, paupérrimos no restante. Aos poucos, os medos de que o Brasil repita na economia a trajetória de nações como Venezuela, Nigéria ou Líbia começam a se dissipar, diante da constatação de que as imensas riquezas encontram um país robusto e diversificado. Nas últimas semanas, porém, os brasileiros foram apresentados a outra face da maldição do petróleo, a política — e dessa não está fácil de escapar. A miragem de bilhões de reais jorrando em alto-mar — os cálculos sobre as reservas variam de 30 bilhões a 100 bilhões de barris de petróleo — tem levado os políticos em Brasília a uma espécie de delírio, evidenciando uma sina bem conhecida dos brasileiros. Trata-se da velha prática de uso das causas nacionais como meio de obter ganhos pessoais e partidários.
O próprio governo puxou a fila, quando apresentou, em 31 de agosto, as propostas para o marco regulatório do pré-sal com brados ufanistas que lembram os dos tempos de regime militar. Num discurso nacionalista e estatizante, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou contra o que chamou de enfraquecimento da Petrobras no governo anterior e declarou que quer reforçar o papel da empresa, a qual chamou de “meu querido dinossauro”.
Aproveitou a ocasião também para levantar a bola de sua candidata à sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Emocionada, ela chegou às lágrimas e afirmou que o pré-sal “abrirá as portas da felicidade material e espiritual” para os brasileiros, proporcionando “mais casa, mais comida e mais saúde”.
Entre políticos de todas as cores e vieses, a grande discussão é quem ficará com o dinheiro do pré-sal. A educação? A cultura? Os pescadores artesanais? As comunidades ribeirinhas? Já se fala num substituto da CPMF para remendar a saúde pública. Os bilhões de reais arrecadados com a contribuição não resolveram o problema, como se sabe. Por que o dinheiro do petróleo resolveria? São questões até agora sem resposta.”

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