sábado, 14 de novembro de 2009

SETOR ELÉTRICO ESTÁ APARELHADO...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.

A oposição acusa o governo de aparelhamento político do setor elétrico, o que teria impedido a adoção de medidas preventivas ao apagão. “Talvez, se os membros do governo não tivessem se dedicado tanto tempo a fazer acomodações incorretas no fundo de pensão de Furnas, no famoso Real Grandeza, se não tivessem perdido tanto tempo nessa acomodação imprópria, nessa acomodação política, poderiam ter se dedicado a medidas preventivas que evitariam esse apagão”, disse o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), do partido de Lobão, reconheceu que a indicação política para o cargo o levou a minimizar as consequências do apagão. “Nosso correligionário, o ministro de Minas e Energia, mostrando uma ingenuidade fantástica, disse que o apagão foi por causa de um raio, que está encerrado o assunto e não se fala mais nisso. Claro que sua excelência não é um técnico, não é uma pessoa entendida na matéria. Se fosse, entenderia que os técnicos do Ministério de Minas e Energia não podem dizer: não se fala mais nisso. É preciso que se dê uma explicação completa sobre o que acontece”, cobrou Simon. Em meio à divisão política do setor que acabou exposta depois do apagão, parlamentares petistas afirmaram que o PMDB está no comando dos cargos-chave da área no momento em que o apagão atingiu o governo Lula. A estratégia seria, segundo peemedebistas, distanciar o apagão da ministra Dilma para evitar danos à sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Para o senador Delcídio Amaral (PT-MS), discutir as indicações políticas no setor é simplificar o problema. “Indicação política sempre ocorreu, nesse ou naquele governo, mas existem indicações políticas de pessoas técnicas, com currículo. Agora, o que precisa ficar claro é que o problema que ocorreu nesta semana foi uma questão técnica e não foi provocado por nenhuma indicação política. Não se pode simplificar as discussões. Foi uma falha no sistema de potência, o que é uma operação do dia a dia. Eu falo porque já vivi isso quando fui chefe de usina. Esse foi um problema no chão da fábrica que não se pode politizar”, disse.
O setor elétrico, que ganhou destaque nesta semana após o apagão que atingiu 18 Estados do país, se transformou nos últimos anos em um reduto de disputa política entre PT e PMDB. Fiel aliado do Palácio do Planalto, o PMDB conquistou cargos-chave do setor, como o comando do Ministério de Minas e Energia e das estatais Furnas e Eletrobrás.
Apesar de a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ter ocupado o ministério no início do governo Lula, o PMDB ganhou espaço no setor à medida que se tornou o principal partido de sustentação do governo federal no Congresso - onde tem as maiores bancadas tanto na Câmara quanto no Senado.
A disputa envolve o controle do maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, estimado em R$ 80 bilhões, somando os recursos do Ministério de Minas e Energia e das estatais. O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) assumiu o cargo como afilhado político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Além do ministério, o PMDB também comanda presidência de Furnas, com Carlos Nadalutti Filho - indicado pela bancada do partido na Câmara. A Eletrobrás, também estatal do setor elétrico, tem como presidente Antonio Muniz Lopes, que recebeu o apoio de Sarney e do ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) para indicação ao cargo. Na Eletronorte, a presidência foi entregue a Jorge Nassar Palmeira, que também faz parte do grupo de Sarney.
O PMDB também emplacou o comando da Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas, após forte pressão de deputados peemedebistas que defendiam o seu controle. O fundo tem uma carteira de investimentos da ordem de R$ 6,5 bilhões, além de 12.500 associados, tornando-se o 11º maior fundo brasileiro de previdência privada fechada.
O PT, por sua vez, mantém o controle de cargos técnicos do setor elétrico. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, conta com o apoio direto de Dilma no cargo. Mesmo com o controle da pasta nas mãos do PMDB, cabe ao secretário-executivo dar rumo técnico às ações do ministério. O comando de Itaipu binacional também está nas mãos do PT, cujo presidente, Jorge Samek, foi indicação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na presidência da Aneel, o PT emplacou Nelson Hubner - que já foi chefe de gabinete de Dilma Rousseff entre 2003 e 2005, quando ela esteve no comando do Ministério de Minas e Energia.
Na cota do PT, estão ainda cargos de segundo escalão, como diretores da Eletrosul e da Eletrobrás ligados a parlamentares petistas como Ideli Salvatti (PT-SC) e Antônio Palocci (PT-SP).

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