terça-feira, 17 de novembro de 2009

SÍMBOLOS DA BADERNA...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Bandos de rodoviários transformaram Salvador num inferno ontem pela manhã. Castigaram a população usando como pano de fundo a baderna e a própria incompetência. Quatro empresas de ônibus urbanos deixaram parcialmente de funcionar por um motivo torpe, vil, canalha, fascista e ditatorial. Seus profissionais (disse profissionais?) deixaram os veículos nas garagens e foram às ruas dominados pelo espírito de porco. Não reivindicavam melhoria salarial, segurança, plano de saúde, redução de jornada de trabalho ou horas extras.
Cruzaram os braços inconformados com a derrota nas urnas para a condução do sindicato da classe ( isso é classe ou um amontoado de predadores irracionais e irresponsáveis?). Cinco chapas disputaram o que me parece ser às minas do rei Salomão. Que eles se digladiem, se matem, se trucidem, se esganem ou se autoflagelem. Afinal, a suposta riqueza cravada nas paredes e solo da sede da categoria na Rua Castro Neves deve ter um valor imensurável. Só tamanha fartura justificaria uma luta insana onde tudo pode acontecer – até assassinato.
Precisamos dar um basta à prática autoritária dos rodoviários – digo parcelas majoritárias deles. A própria democracia impõe limites. Senão vira bagunça. Os milhares de usuários do sistema de transporte coletivo da terceira maior cidade brasileira não podem ficar à mercê do humor de meia dúzia de arruaceiros que conhecem como ninguém os pontos estratégicos para travar o trânsito da capital e provocar o caos e a desordem. Sabendo do seu potencial de fogo, eles apelam para o medo, para o terrorismo, para a base do tudo ou nada e quem quiser que se dane. Desconhecem propositadamente que esse tipo de pendenga pode e deve ser resolvida com ações judiciais contestando o resultado das eleições.
Ou houve roubalheira, ladroagem, chantagem ou uso de métodos ilícitos pela equipe vencedora, os derrotados têm no Judiciário sua válvula de salvação. No entanto, preferem pisar no pescoço do lado mais fraco e indefeso que são os passageiros, deixando-os, literalmente, no olho da rua. Optam por estrangularem a galinha dos ovos de ouro que são os usuários que lhes sustentam e aos seus patrões. Ouvi falar que o Ministério Público tomaria medidas para inibir novas paralisações estarrecedoras como às de ontem. Tomara. Quem sabe assim o MP deixa um pouco de lado o cuidado com a preservação do mosquito da dengue e de outros insetos peçonhentos que povoam córregos e brejos, impedindo investimentos que vão gerar emprego e renda nessas verdadeiras pocilgas – no mais amplo sentido pejorativo.
Ainda bem que o mau exemplo dos rodoviários está longe de ser acompanhado por outras profissões. Que assim seja. A propósito, não é crível que aqueles que não conseguem arrumar a sua casa se arvorem a querer transformar a residência alheia num depósito de excrescências.

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