segunda-feira, 16 de novembro de 2009

SOBROU PARA IANSÃ...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Estou revoltado. O aniversário da Proclamação da República caiu em um domingo. Perdemos um feriadão. Deveria cair na segunda-feira, ainda que fosse necessária proclamá-la novamente. Além disso, acho uma falta de respeito, o domingo é o Dia do Senhor para os cristãos e este é um país de imensa predominância cristã. E, ainda mais, com as reconhecidas inclinações a Dorival Caymmi, especialmente na Bahia e com a única exceção do povo do Estado de São Paulo, não se deveria dedicar o domingo a nada que não fosse ao Senhor e ao descanso. Como não acredito em coincidências, convicção já aqui afirmada várias vezes, só posso entender essa simultaneidade como uma escolha mal intencionada do Marechal Deodoro.
Por isto, não escrevi o costumeiro artigo para hoje, salvando assim os meus poucos e teimosos leitores do costumeiro aborrecimento. Além disso, o risco de um novo apagão um pouco mais amplo, que à noite atingisse as linhas de transmissão e durante o dia, o Sol (na segunda-feira, houve um apagão na estrela Eta Carinae), me desestimulou. Quem poderia ler? Vou, pois, apenas transcrever o que li no blog Gama Livre, cujo editor, um dileto irmão, mora no Gama, cidade satélite de Brasília e não sofreu pessoalmente com o apagão, o que lhe terá permitido tratar do assunto com o bom humor dos brasileiros que tiveram a mesma sorte ou graça. Porque sorte ou ajuda divina terão sido fundamentais para não estar entre os 60 milhões de pessoas (segundo alguns observadores) ou 100 milhões (segundo outros) que em 18 Estados (64,28% das 27 unidades da Federação – 26 Estados mais o Distrito Federal) que conheceram as trevas sem culpa. Eis o que disse na sexta-feira o blog Gama Livre, sob o título “Sobrou para Iansã”:
“Dilma Rousseff, a toda poderosa ministra-chefe da Casa Civil da Presidência, considerou o apagão em 18 estados brasileiros como um “caso encerrado”. Mas afirmou que pode haver novo apagão. Uma coisa é certa, o governo jogou para a Rainha dos Raios toda a culpa pelo apagão geral, mesmo depois dos especialistas do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informarem que no horário do apagão as “descargas mais próximas do sistema elétrico estavam a aproximadamente 30 quilômetros da subestação e cerca de 10 quilômetros de uma das quatro linhas de Furnas de 750 KV e a dois quilômetros de uma das outras linhas de 600 KV, que saem de Itaipu em direção a São Paulo”.
E mais. Segundo aqueles especialistas, a baixa intensidade da descarga registrada, menor que 20 KA, não seria capaz de produzir um desligamento da linha, mesmo que a descarga incidisse diretamente sobre ela. Apenas descargas com intensidade maiores que 100 KA, atingindo diretamente uma linha é que poderiam desligar a transmissão de energia.
Como desagravo, coloco adiante a prece à Iansã: “Oiá... Oiá... nossos passos. Iansã, Deusa máxima do Cacurucaia... Bamburucena, Rainha, Mãe e Protetora. Eparrei nossa mãe Divina. Deusa divina dos ventos e das tempestades. Deixa-nos sentir também a tua bonança. Iansã dos relâmpagos, dá-nos uma faísca da tua graça divina. Eparrei, Eparrei... Oiá!”.

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