segunda-feira, 16 de novembro de 2009

VESTIDOS, COMO DA ALUNA EXPULSA, SÃO CORRIQUEIROS NAS FACULDADES BAIANAS...

FONTE: Alexandre Lyrio, CORREIO DA BAHIA.
Aqui, na Salvador da pró Jaque, das temperaturas escaldantes e do Carnaval de 365 dias - onde o tecido das roupas, inclusive as íntimas, costuma ser escasso - Geisy ficaria à vontade. Se, em vez da Uniban, estivesse matriculada em uma das faculdades baianas, certamente não teria sido acessada milhares de vezes no YouTube e desfilaria o seu vestido pink sem ser incomodada. Seria mais uma na multidão. Afinal de contas, não é preciso esforço para encontrar, em qualquer uma das universidades da capital baiana, vestimentas mais curtas e insinuantes do que a da estudante paulista.
É quase meio-dia de sexta- feira e estamos no pátio da Universidade Jorge Amado (Unijorge), na Paralela. Os termômetros alcançam pico de 32°. Alessandra Jacobs, 19 anos, aluna de direito, parece sentir o frescor de uma brisa indiscreta e, rapidamente, segura as barras do vestido colorido, só não mais vistos o que as próprias pernas à mostra. “Um absurdo o que fizeram com aquela menina! O meu vestido é mais curto que o dela e ninguém fala nada”, disse Alessandra, que parece ter a peça única ainda mais encurtada pelo salto plataforma.
FIGURINO
Está ao lado da colega Camila Soares, 19 anos, essa metida num vestido branco, com detalhes verdes, não tão curto, mas também instigante. “Ainda que estivesse vulgar, é o corpo dela, é a vida dela”, diz Camila. Mesmo que dispense as micros saias e vestidos, o figurino das soteropolitanas de ensino superior tem sempre o que deixar à mostra.
Caso da dupla Larissa Ohana, 19 anos, e Raíssa Silva, 21 anos, ambas alunas do curso de enfermagem. A primeira, de shortinho jeans, é até alvo de olhares masculinos.Mas não passa disso. Tem com quem dividir as atenções. A amiga deixa à mostra dois terços da cintura. Detalhe: o piercing no umbigo enfeitiça qualquer um.
DIFERENÇAS
E se a Uniban fosse aqui?
Pelo visto, milhares de estudantes, de uma só vez, seriam expulsas das suas instituições de ensino por “flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica, e à moralidade”, conforme explica a nota divulgada pela faculdade paulista quando da expulsão de aluna de turismo.
Inclusive, ante o vestido muito acima da linha do joelho que usava, Rosaline Murtha, 24 anos, do Centro Universitário Fib, no Stiep, também poderia ser jubilada em pleno 6º semestre do curso de enfermagem. “Se a Uniban fosse aqui, iria a falência em duas semanas. Não teria aluno suficiente. Todo mundo usa roupa muito curta. Que estupidez”, observa Rosaline, ansiosa pelo passeio de escuna que iria participar logo que deixasse a faculdade.

TALIBÃ
Nos três turnos - matutino, vespertino e noturno - é possível encontrar gente com roupas de comprimento questionável, pelo menos para os alunos do curso de “nazismo” do Talibã, quer dizer, de turismo da Uniban.
“Falso moralismo. É impressionante como o tempo passa e a sociedade parece regredir. Isso é hipocrisia”, alfineta a aluna de secretariado Yara Miranda, também da FIB. “Sempre venho de saia, de shortinho e nunca houve qualquer tipo de problema”, diz ela, que mesmo à noite está metida numa minissaia jeans básica, com sandália rasteira e um sorriso muito mais vistoso que a colega paulista.
RAMPAS
Mais um motivo para a charque, se escolhesse a Bahia como destino pedagógico, se optasse, por exemplo, pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), na Paralela, Geisy não sofreria um linchamento moral. No máximo, subiria as rampas centrais de um dos quatro módulos da FTC com certo receio. As rampas têm os lados vazados e é possível ver quase tudo.
“A galera fica aqui embaixo pegando ‘lance’. As meninas sabem e não tão nem aí”, diz um aluno de nutrição. É bom que se diga: as direções das instituições de ensino superior de Salvador, pelo menos as que tiveram alunos ouvidos pelo CORREIO, se mostraram liberais. Nenhuma delas colocou qualquer restrição ao uso de qualquer tipo de roupa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário