domingo, 8 de novembro de 2009

VIOLÊNCIA APAVORA MORADORES E AFUGENTA TURISTAS DA ILHA DE ITAPARICA...

FONTE: *** Jorge Gauthier (CORREIO DA BAHIA).
Paraíso de 40km de praias cercadas com farta vegetação tropical e norteada pelo medo. Maior entre as 56 ilhas que compõem a Baía de Todos os Santos, a Ilha de Itaparica sofre com o constante crescimento da violência e a redução do número de visitantes.
Comerciantes apavorados e população escondida atrás das grades. A criminalidade nos dois municípios da Ilha (Vera Cruz e Itaparica) obedece uma sazonalidade. Somente em Vera Cruz, a polícia registra dez arrombamentos de imóveis, por mês, na baixa estação.
Já entre setembro e fevereiro (alta estação), quando as casas de veranistas são ocupadas, os furtos e roubos a visitantes entram em cena. A pedido do CORREIO, os delegados Lucio Ubiracê, titularda24 ªDP(VeraCruz), José Magalhães, titular da 19ªDP (Itaparica) e o major Gomes Filho,comandante da 5ªCIPM (Ilha), listaram os pontos mais ameaçados da região.
SEGURANÇA PRÓPRIA. Onze assaltos em um ano.O empresário do ramo agrícola J.R.D, que atua em Itaparica há quatro anos, ostenta a triste marca que só foi interrompida quando decidiu investir R$5mil em esquemas de segurança no estabelecimento.
Em um dos assaltos, em junho de 2008, os bandidos aprisionaram ele, a esposa e os dois filhos menores no banheiro por cinco horas. “Depois de muita tortura psicológica, eles ainda nos levaram para fazer saques em bancos e nos agrediram. Minha esposa foi espancada pelos ladrões”.
Na ocasião, os assaltantes roubaram R$ 13 mil, além de cheques e cartões de crédito. Após 23 dias, o mesmo grupo retornou e repetiu o crime. O curto espaço de tempo entre as ações deixou a família em pânico. “Minha esposa teve que fazer tratamento com psicólogo por seis meses”, contou o empresário.
Antes de investir no ramo agrícola, a família tinha um supermercado, mas teve que fechar as portas por conta da insegurança. “O desespero é tão grande que em um dos assaltos, cheguei a bater no ladrão. É muito triste trabalhar e ver seus bens se esvaindo pelas mãos do crime”, resumiu.
TERROR NAS BARRACAS.
Na Praça da Amoreira, em Ponta de Areia (Itaparica), área com grande concentração de pousadas de luxo, o sol pode até falhar, mas os tiroteios sempre marcam presença nos finais de semana. Nas barracas, as marcas de tiros denunciam a ação dos bandidos, que não se intimidam com o módulo policial localizado na praça.
Os confrontos, segundo os moradores, acontecem sempre na madrugada, quando não há policiais no posto. Os assaltantes retiram as telhas dos estabelecimentos à beira mar para roubar eletrodomésticos, comida e bebida.
Temendo a ação dos ladrões, o casal de barraqueiros E.O.P e I.S.P, todas as noites troca o conforto da cama por um colchonete nos fundos da barraca. “Dormimos aqui para proteger nosso patrimônio.Trabalhamos duro e não podemos facilitar com os ladrões”, contou a comerciante, que há quatro meses deixou Mata de São João para viver em Itaparica. Há duas semanas, o casal teve seu estabelecimento cravejado de balas durante troca de tiros entre bandidos.
TURISMO.
Cada caso de violência contra turista que ganha repercussão nacional nos traz prejuízos. As coisas boas da Ilha acabam ficando em segundo plano”, disse Germano Reis Barreto, dono de uma pousada em Ponta de Areia.
O secretário do Turismo da Bahia,Domingos Leonelli, informou que realiza reuniões periódicas com a Secretariade Segurança Pública para traçar estratégias que diminuam a ocorrência de crimes e, assim, deixem de servir como elemento que afugente os visitantes. “A segurança é uma preocupação de todos os órgãos”, afirmou o secretário.

*** Reportagem publicada na versão impressa do CORREIO* de 8 de novembro de 2009.

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