domingo, 31 de janeiro de 2010

OS ALQUIMISTAS DA CESTA...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Se o prezado leitor acha que eu vou insistir em escrever sobre a Ebal e sua Cesta do Povo está redondamente correto. Estou com a alma lavada. Cumpri meu papel de jornalista ao denunciar, baseado em números do atual governo, toda a alquimia utilizada por alguns dos seus dirigentes cujo resultado era a transformação de prejuízo bilionário ( sim, o rombo da estatal pode ultrapassar a R$ 1 bilhão) em lucro fantástico. Valeu ( e vai valer ainda muito mais ) a pena bater na tecla certa.
Apesar do silêncio tumular das autoridades, incluindo da parte mais interessada – a própria Ebal – os mortos estão deixando suas sepulturas para relatar o que parecia estar trancada a sete chaves na tumba de algum faraó todo-poderoso a quem foi dada a missão de conduzir ou acompanhar (são coisas diferentes) o andamento das atividades dos esquemas de compra e venda de mercadorias das lojas da Cesta do Povo. Farei um pequeno mistério e me permitirei não citar, em detalhes, um novo material me entregue por gente que, ao que tudo indica, conhece cada tábua do tabuleiro de uma das mais surrealistas invenções baianas, que foi a criação de uma rede estadual de supermercado que, quando muito, consegue competir com o armazém da esquina. Já disse e volto a lembrar: a questão não é de governo, mas sim de Estado, que, incompreensivelmente, sustenta uma figura macabra fruto de uma gravidez – ou melhor – de um estupro contra o próprio empresariado do ramo e contra a população. Mas não quero perder o meu bom humor. Hoje é sábado ( amanhã é domingo), dia de faxina mental e repouso espiritual. Entretanto, voltarei na segunda-feira para mostrar como se manipula os ingredientes e os transforma em ouro ou prata. É o processo tentado na Idade Média, mas só dominado pelos alquimistas que passaram pela Ebal. Falar nisso, se atentarmos para a letra de “Os alquimistas estão chegando”, de Jorge Ben Jor seremos capazes de compreender o que se ocorre à nossa volta. Vamos lá: “Os Alquimistas/Estão chegando/Estão chegando os alquimistas/Eles são discretos/E silenciosos/Moram bem longe dos homens/Escolhem com carinho/A hora e o tempo/Do seu precioso trabalho.../São pacientes, assíduos/E perseverantes/Executam/Segundo as regras herméticas/Desde a trituração, a fixação/A destilação e a coagulação.../Trazem consigo,/cadinhos/Vasos de vidro//Potes de louça/Todos bem e iluminados/Evitam qualquer relação/Com pessoas/De temperamento sórdido...” Diria eu que não tão sórdido assim.

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