sexta-feira, 28 de maio de 2010

A GERAÇÃO DO MEDO...

FONTE: Noemi Flores, TRIBUNA DA BAHIA.

Cada vez mais as pessoas se atemorizam diante da violência urbana, assassinatos constantes, em que até policiais se tornam vítimas; assaltos a ônibus diariamente, à mão armada no trânsito, saidinhas bancárias e roubos de celulares. Isto faz com que os pais vivam apreensivos com a rotina de seus filhos menores, tanto no trajeto para a escola como nas saídas com amiguinhos para o clube, jogo ou shoppings.
Para o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), Ruy da Paz, hoje os marginais não ligam mais para mochilas e tênis de marca: o foco principal é o celular e uma das principais orientações é de que procurem andar sempre em grupo. Já o médico psicoterapeuta educador Antônio Pedreira afirma que uma criança que sofre um tipo de violência urbana pode apresentar a síndrome de stress, que pode levar à necessidade de tratamento psicológico.
O delegado disse que os cuidados dos pais com as crianças já deve começar com a escolha da pessoa que irá conduzir o filho à escola (se for o caso de transporte escolar). Os pais devem verificar se o condutor está seguindo rigorosamente as normas de trânsito e sempre procurar contratar quem está autorizado pela prefeitura e Detran. Um fato novo, atualmente, levantado pelo diretor do Depom é que os ladrões não ligam mais para mochilas e tênis de marcas, hoje o foco principal é o celular.
No caso das crianças que voltam a pé para casa, a dica que o delegado dá aos pais é de que “orientem os filhos para não saírem sozinhos da escola, mas em grupos porque o marginal procura a facilidade, crianças, idosos e mulheres sozinhos são o seu alvo, já homem é muito raro este tipo de assalto”, explicou, acrescentando que neste caso, “o celular é o objeto principal do assaltante porque ele troca em qualquer boca de fumo por crack”. Já no caso da ida a clubes, jogos e shoppings devem ser acompanhados pelos pais ou responsáveis.
DROGAS - O delegado chama a atenção para os pais terem cuidado com o outro lado da situação, ou seja, seus filhos não enveredarem para o lado das drogas, começando a orientar, desde crianças, para não aceitar nada de desconhecidos, nem convite de espécie nenhuma. “Dar sempre uma atividade para as crianças nos horários fora da escola porque existe uma constatação dura que é de que os meninos mais abastados são o alvo do consumo da droga e os mais pobres são atraídos para vender”, lamentou.
As duas situações expostas pelo delegado são de exclusiva responsabilidade dos pais ou responsáveis evitarem, aconselhando, orientando e observarem quando o filho chega em casa de como está o seu comportamento. E no caso dos meninos de baixa renda, os pais não devem deixá-los sem ir à escola, na ociosidade e procurar sempre matriculá-los em escolas que ofereçam outras atividades.
Os pais devem dar o exemplo para os filhos não praticando violência com eles nem diante deles. Esta é a afirmação do psicoterapeuta Antônio Pedreira, que alerta determinados pais que levam para casa a educação que tiveram quando criança. Em vez da “força do poder acreditavam no poder da força e não usam da afetividade e firmeza para dizer sim ou não”.
Pedreira ressalta que a violência urbana sempre existiu, por isso cabe aos pais “protegerem adequadamente os filhos para que não se exponham e, principalmente, dar exemplos educativos de comportamento sem violência”. Para o psicoterapeuta, a violência que mais afeta as crianças são as praticadas pelos pais e, neste caso, ele poderá se tornar um submisso, o que aceita a violência, ou um rebelde, o que revida.
No caso da violência urbana, sofrida por uma criança, “o efeito é de síndrome de stress pós-traumático, durante algum tempo fica aquela cena gravada na sua mente. Neste caso, precisa de uma ajuda psicológica”, destacou o médico, frisando que cabe aos pais dar todas as normas de proteção e ética, sempre dialogando sobre tudo.

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