quarta-feira, 29 de setembro de 2010

MANGUE, LULA, ÁFRICA, OROPA E BAHIA...

FONTE: Jolivaldo Freitas, TRIBUNA DA BAHIA.

Me peguei outro dia a perguntar, sem nenhuma maldade, o que Lula tem a esconder que se pela de medo com a imprensa. Quem não deve não teme. E agora que Dilma está caindo aos pouquinhos, nas pesquisas, o que pode dar segundo turno, será que ele está conseguindo dormir direito ou está preocupado? E se a oposição ganhar e for escafunchar embaixo da cama? Não acredito que ele apronte não.
Falar em beber, outro dia fiz uma terrível experiência. Minha prótese quebrou um pino de sustentação e feriu o dente ao lado bem na base da gengiva. Era madrugada, doía muito e eu tinha de esperar o dentista pelo menos abrir a porta do seu consultório. Então lembrei que corno e afins quando estão com dores e mágoas enchem a cara que é para esquecer. Foi o que fiz. Tomei quatro doses de vodka e deitei. A dor não passava e parecia que piorava.
O resultado é que fiquei bêbado, enjoado, com dores na boca e quando fui atendido pelo doutor ele me disse que voltasse depois que a anestesia não iria pegar por causa do álcool. E ainda me repreendeu: - Idéia de corno!
Então lembrei que quando estive trabalhando em Luanda, certo dia senti uma fisgada no rim que se estendia pela barriga toda e foi uma dor tão grande que deu vontade de fazer como os tribais das savanas africanas e rasgar para retirar o mal.
Foi quase que um verdadeiro parto e depois de correr as clínicas existentes um Raio X detectou a pedra que não queria descer pela bexiga e seguir seu caminho. Na clínica receitaram um monte de remédio, fui a uma farmácia comprar, tomei as pílulas, a dor passou e depois a pedra desceu livre, leve e solta.
Foi quando descobri por um enfermeiro que a farmácia tinha me vendido remédios tipo Nigéria. O que vem a ser a mesma coisa que remédio paraguaio: falso que nem uma nota de 25 reais ou os peitos de Carla Peres. Mas, como resolveu meu problema, mantive guardada a cartela que restou. Sabe lá!
Daí que abro o jornal e leio que o vereador Edson da União pediu ao prefeito que encete alguma campanha, visando o povo a vir entender que preservar o mangue é de bom tom.
Esse negócio de ler rápido é uma droga. Achei que o mangue que ele estava falando era o de Maricota Boca de Caçapa, de Margô Cobra D‘Água e de tia Cizinha quebra faca, lá do brega da Conceição da Praia, Montanha e Misericórdia. Liguei para o meu tio Armandinho e dei a notícia: vão recuperar o mangue onde você passou sua infância. Os prédios não irão desabar. Nunca mais.
Ele correu para ler e me ligou de volta me chamando de abestalhado, pois o mangue era o dos siris e caranguejos: - Não é mangue de fazer osadia não, abestado. É mangue deste negócio de ecologia.
Na Europa é diferente. Lá, sim, se respeita o mangue de lascar no meio. Em Amsterdan, fiquei sabendo por amigo que mora lá e não deixa de ir ao fudistério às sextas-feiras, o prefeito decidiu que vai recuperar a calefação, fachada e estrutura das casas de tolerência. País civilizado é outra coisa.
Aqui na Bahia os mangues estão mesmo com os dias contados – e não venham me dizer que é por que as moças de família estão fazendo dumping, dando de graça. Não tem mais o bordel de Santo Amaro da Purificação que ficava na linha de trem e onde imperava o bar cujo lema era “O respeito” – estava escrito em letras grandes na parede para que até cego lesse.
Em Juazeiro o Shangrilá perdeu suas características. Em Candeias parece que é a sucursal do inferno. Em Salvador nem policial ou comissário de menor quer mais saber de achacar as meninas. Também. O movimento anda fraco. Então as meninas na falta de teto vão para a Pituba tomar chuva no cangote, coitadas.

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