quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

RUPTURAS NA AORTA MATAM AO MENOS 2.000 AMERICANOS POR ANO (PARTE UM)...

FONTE: DENISE GRADY, DO "THE NEW YORK TIMES”* (www1.folha.uol.com.br).
A morte do experiente diplomata Richard C. Holbrooke, na semana passada, chocou os americanos e seus muitos colegas por todo o mundo. Holbrooke, de 69 anos, era uma daquelas figuras maiores que a vida, um homem destemido e robusto que foi aparentemente derrubado sem aviso prévio.
Ele se sentiu mal numa sexta-feira (10), e na segunda-feira (13) já estava morto.
Segundo autoridades do governo, a causa foi uma ruptura em sua aorta, a artéria que leva sangue do coração às veias que alimentam o resto do corpo.
Holbrooke ficou em cirurgia durante 21 horas de sexta a sábado (11) para reparar os danos, e depois mais uma operação de sete horas no domingo (12), as duas no Centro de Medicina da Universidade George Washington. Mas nenhuma cirurgia poderia salvá-lo.
Rupturas na aorta podem ser desconhecidas à maioria das pessoas, mas elas matam pelo menos dois mil americanos por ano --e possivelmente mais, pois algumas das mortes podem ser erroneamente atribuídas a ataques cardíacos.
As rupturas são mais comuns em homens do que em mulheres, e principalmente em pessoas entre 40 e 70 anos. Suas causas incluem pressão alta descontrolada, aterosclerose e uma tendência genética a tecidos fracos ou uma válvula anormal na aorta. Pode não haver nenhum sinal indicador antes da ruptura.
A aorta é a maior artéria do corpo humano, com mais de 2,5 centímetros de diâmetro em alguns pontos. Ela possui três camadas; a maioria dos rasgos ocorre na mais interna. Com isso, o sangue força sua passagem pela abertura e separa as camadas, ou as descasca --um tipo de lesão chamado de dissecção aórtica.
Uma aba e um "falso canal" podem se formar dentro da aorta e impedir o fluxo sanguíneo. E a pressão do sangue pode continuar aumentando o rasgo e a aba.
Se o rasgo atravessar as três camadas e a aorta se romper, a morte pode ser quase imediata.
Isso não ocorreu a Holbrooke, segundo um porta-voz.
Os rasgos são frequentemente --mas nem sempre-- associados a aneurismas, áreas salientes e enfraquecidas na parede da artéria. A pressão sanguínea alta pode contribuir a ambos os problemas.
Não se sabe se Holbrooke sofria de algum desses males. Sua família não concedeu entrevistas, e seus médicos não receberam permissão para falar com a imprensa.
Cirurgiões não associados ao caso afirmaram que Holbrooke provavelmente teve o tipo mais comum de ruptura, que ocorre na aorta ascendente --o início da veia, onde ela surge no topo do coração.
Em sua forma mais simples, os rasgos podem ser reparados ''com bastante facilidade'', disse Timothy J. Gardner, porta-voz da Associação Americana do Coração e cirurgião cardíaco que é diretor médico do Centro de Saúde Cardíaca e Vascular de Christiana Care, em Newark.
Gardner não conhecia os detalhes do caso de Holbrooke, mas disse: ''Temos de supor que ele teve uma dissecção aórtica complicada, envolvendo uma ou mais ramificações de sua aorta, e/ou os danos ao tecido e a hemorragia eram abrangentes e muito difíceis de lidar''.
Nessa situação, segundo ele, ''o procedimento cirúrgico pode ser realmente desafiador''.
Robert Michler, cirurgião-chefe do Centro Médico Montefiore, na cidade de Nova York, disse que se ele está na sala de operações no meio da noite, muito provavelmente a cirurgia é um reparo de aorta rompida. Os pacientes tendem a aparecer com sintomas durante a noite.
"Não sabemos exatamente o porquê disso", afirmou ele.
Um sintoma comum é uma dor forte e repentina no peito, costas ou pescoço.

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