segunda-feira, 25 de julho de 2011

BRINCANDO DE RÁDIO (PARTE NOVE)...





Ao longo dos anos trabalhando em diversas rádios da Bahia vi ouvi e acompanhei muitos fatos inusitados envolvendo figuras do cenário político e também de pessoas comuns e até mesmo de quem deveria dá segurança a população e terminava extrapolando no cumprimento do seu dever.


Em 1986 ainda caminhando para ganhar mais experiência recebi um convite do então gerente da Rádio Sociedade da Bahia para integrar a equipe de esportes, viajei numa noite de domingo para na segunda feira oito horas da manhã já me reunir com este gerente e acertar o meu possível ingresso na emissora depois de alguns ensaios e despedidas dos colegas da cidade, na época Jequié tinha duas rádios uma AM e outra FM, ao chegar na capital me deparei com o gerente da Sociedade e ele levou quase duas horas reunido com minha pessoa, procurando saber a experiência que eu tinha em coberturas na área esportiva e viu até onde ia minha capacidade, ao final da reunião ele me disse que o rapaz que estava de saída havia pedido mais um tempo e como eu já estava lá ele ia fazer uma experiência comigo, mandou-me para o Hospital Geral do Estado (HGE) nunca tinha feito matéria de hospital em minha vida e não sabia nem por onde começar, mas o profissional que fazia aquele trabalho a anos e já experiente e por ser do interior assim como eu me deu total apoio e as orientações devidas, só que por volta das onze horas começaram a chegar ambulâncias com pernas, braços, cabeças e corpos mutilados de vitimas de um acidente que havia acontecido na estrada de Camaçarí, nunca tinha visto nada igual em minha vida, no final do dia voltei a me reunir com o referido cidadão e disse a ele que aquilo ali não era para mim não, e que já retornaria a noite para Jequié, ele me convenceu a ficar pois não queria me deixar retornar por que com certeza eu iria fazer parte da equipe de esportes da rádio, no dia seguinte ele me disse que eu iria fazer cobertura da 1ª. Delegacia de Policia (DP) localizada no bairro dos Barris, para lá me dirigir com outro colega, este foi logo me avisando cara lá é pau o dia todo e você tem que tomar muito cuidado.


A primeira ocorrência surgiu as dez horas, a noite anterior tinha sido tranqüila apenas duas mortes e quatro assaltos na região e duas tentativas de assassinatos, este primeira ocorrência do dia, os policiais militares entraram na delegacia com uma jovem aparentando 17 anos e grávida, ela assim que foi entregue aos policiais civis começou a levar porrada, meia hora depois um flash dentro do noticiário deveria ser feito da DP, só que dois minutos antes de ser chamado dois policiais (mais pareciam armários) encostaram em mim e disseram você aqui não ver nada, só fala o que mandamos, sempre fui ousado e audacioso, olhei os dois armários de cima a baixo e disse que estava ali para fazer meu trabalho e não seguida orientação deles, só que o colega me chamou no canto e disse cuidado você está chegando aqui hoje, é novo e pode amanhã aparecer morto e ninguém vai sentir sua falta, no final da tarde nova reunião e nova desistência, mas o gerente insistiu mais uma vez para que eu ficasse e fui convencido a ficar outra vez, no dia seguinte passei a integrar a equipe de esportes como queria.


Fiquei seis meses fazendo vôos rasantes Salvador/Jequié/Salvador, até que um dia a rádio Am de Jequié foi comprada pelos donos da Sociedade e retornei a cidade, neste retorno passei a fazer todo tipo de trabalho dentro da emissora, de programador a discotecário, a única coisa que não fiz na AM, foi a Crônica da Ave Maria (que era muito bem apresentado e foi durante anos por determinado locutor que o fazia com competência até não vista por mim), minha primeira reportagem foi justamente em Salvador, a mando dos donos da empresa que eram políticos e autorizado pelo diretor da AM fui para a capital entrevistar Antonio Carlos Magalhães (ACM), então governador do estado, meu nervosismo era tão grande que esqueci de colocar pilhas no gravador, sair do hotel para o palácio do governador, vinte e cinco minutos de suposta gravação retornei ao hotel, ao chegar no apartamento percebi a mancada deixei as pilhas em cima da cama, telefonei para Jequié e comuniquei o fato ao diretor da AM e ele novamente ligou para os donos da rádio que conseguiu junto ao governador nova entrevista para o mesmo dia as 18 horas, nunca havia levado uma bronca e nem levei ao longo dos anos como a que o cidadão me deu, ele chegou a me perguntar “VOCÊ NÃO É RADIALISTA E POR QUE SE METE EM FAZER O QUE NÃO SABE?” não podia responder ao homem pois ele poderia mandar me prender, engoli aquilo a seco e fiz o meu trabalho sem comentar nada, ao retornar para a cidade comentei o ocorrido com meu diretor e ele simplesmente deu risadas e fez gozação com minha cara.


Ali fui pegando os macetes da profissão e vendo coisas terríveis nos meios políticos, como em um comício realizado em Itagí, e na época a rádio podia transmitir, fui pra lá e vi dois políticos darem uma bronca em outro e ainda darem tapas no rosto do cidadão.




Neste mesmo dia vi uma cena nunca esquecida, rapaz e moças que trabalhavam para um candidato a deputado estadual saírem corridos em baixo de tiros da referida cidade por estarem colando cartazes do candidato novato. Amanhã a conclusão deste fato e outros presenciados por mim inclusive envolvendo funcionários de rádios.

Um comentário:

  1. Boa noite, Sardinha. Passando para mais uma visita. O Blog está ótimo. Visite o Blog Diniz K-9.
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