segunda-feira, 25 de agosto de 2014

FAMÍLIAS PEDEM LIBERAÇÃO DA MACONHA EM TRATAMENTOS MEDICINAIS DE CRIANÇAS...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.

             

Mães e pais paraibanos que ganharam por decisão liminar da Justiça o direito de importar o canadibiol, composto químico proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), participaram da audiência pública realizada na manhã desta segunda-feira (25/8) pela Comissão de Direitos Humanos do Senado.
Eles falaram sobre como a substância tem ajudado no tratamento de patologias neurológicas que têm como característica comum um quadro de epilepsia.
A liminar para o tratamento de 12 crianças, dois adolescentes e dois adultos foi concedida pelo juiz João Bosco Medeiros, da 1ª Vara da Justiça Federal de João Pessoa.
Segundo esses pais e mães que participam da audiência, desde o início do uso do canadibiol já é visível a melhora da situação de saúde dos seus filhos.
– O Estado está sendo omisso. Temos não apenas o desejo, mas a urgência dessa regulamentação. Que se estenda a discussão sobre o uso recreativo, mas que esse uso medicinal seja o mais rapidamente possível regulamentado – disse Sheila Geriz.

Durante a audiência pública foi exibido um vídeo em que Vitor, de 21 anos, sofre uma convulsão. Ele é filho de Luciana Bezerra e foi diagnosticado com epilepsia de difícil controle.
Segundo ela, desde que começou a fazer uso de um óleo derivado da maconha, o número de crises caiu de 8 para 4 por dia.
Antes da exposição dos pais e mães, o senador Fleury (DEM-GO) disse que a liberação da maconha vai destruir o país.
– Se maconha fosse bom, não estaríamos discutindo isso aqui. Se querem legalizar uma droga, devem procurar outros meios, não essa forjada tentativa de convencimento de que é para tratamento e saúde – afirmou.
A palavra da ciência.
o pesquisador e neurocientista Renato Malcher Lopes, da Universidade de Brasília (UnB), apresentou uma série de estudos que, conforme sua avaliação, comprovam os efeitos medicinais de elementos presentes na planta e os benefícios no tratamento de sintomas de diversas doenças e síndromes – como câncer, esclerose tuberosa, Síndrome de Rett e autismo.
De acordo com Renato Malcher, o tetraidrocanabinol (THC, principal psicoativo da maconha), é antiinflamatório, analgésico, estimulador, sedativo, além de ajudar na redução da pressão intraocular.
O pesquisador acrescentou  que a maconha também é rica em cannabidiol, substância que ajuda a combater convulsões e epilepsia.
O pesquisador reconheceu que o uso abusivo da maconha traz problemas como a redução passageira da memória de curto prazo, durante o efeito da droga, que pode durar até seis horas. Ainda segundo ele, o uso da substância é contraindicado para psicóticos, jovens em crescimento e gestantes. De acordo com Lopes, os índices de dependência em maconha são inferiores aos de outras drogas.
Para o neurobiólogo, o Estado não deveria proibir a venda e o consumo de uma planta que traz alívio para o sofrimento das pessoas. Segundo ele, existe um moralismo equivocado que acaba punindo famílias que poderiam ser beneficiadas pelo uso da substância.
– Muitas pessoas tiveram seus filhos definhando em seus braços sem poder usar o cannabidiol em razão dessa proibição. Efeitos colaterais de outros remédios são muito piores – assinalou.
A posição no Senado.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), relator da sugestão popular sobre a regulamentação da maconha admitiu nesta segunda-feira (25) a possibilidade de separar o debate em duas frentes: o uso recreativo e o medicinal.
– Nesse aspecto [regulamentação para uso medicinal], eu vou ter pressa, mesmo que o resto demore – disse Cristovam, após relatos de pais e mães sobre como o uso de substâncias derivadas da maconha têm ajudado no tratamento de seus filhos.

Pela sugestão em análise na CDH, deverá ser regulado “o cultivo caseiro, o registro de clubes de cultivadores, o licenciamento de estabelecimentos de cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo e a regularização do uso medicinal”.

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