quinta-feira, 26 de março de 2015

CHEFES ESTÃO DE OLHO NOS FUNCIONÁRIOS QUE NÃO SE DESLIGAM DO CELULAR...

FONTE: Yuri Abreu, TRIBUNA DA BAHIA.
Nos dias atuais é praticamente impossível não ver pessoas caminhando pelas ruas, de cabeça abaixa, dando uma olhada no que está acontecendo em redes sociais como Facebook e Whatsapp. No entanto, o “zapzap”, como é popularmente conhecido o aplicativo de troca de mensagens e um dos mais queridos dos brasileiros, também está se tornando a dor de cabeça de empresários. O motivo: muitos funcionários, ao invés de se concentrarem no serviço e atenderem aos clientes, passam mais tempo de olho no celular.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, um empresário da cidade de Uberlândia, Minas Gerais, demitiu, em apenas 15 dias, 12 funcionárias devido ao uso excessivo do aplicativo de mensagens instantâneas. A principal queixa dele era de que elas passavam mais tempo no aparelho e não atendiam a clientela do estabelecimento. Por isso, sempre tinham que chamá-las a atenção. Como alternativa, ele decidiu que só iria contratar funcionários que não utilizassem o programa, o que gerou muita polêmica.
Em Salvador, o Whatsapp também é motivo de discussão entre funcionários e donos de lojas. Nos estabelecimentos é comum ver relatos de pessoas que deveriam estar concentradas no serviço, mas, na verdade, ficam mais atentas ao que se passa nos dispositivos móveis. “Há dois meses nós tivemos um problema com uma menina que ficava direto usando o programa. Ela só desinstalou por que estava tendo problemas até em casa com o marido”, contou Simone dos Santos, gerente de uma loja de enxovais na Baixa dos Sapateiros.
No entanto, segundo ela, a funcionária não foi demitida. Na loja, não há restrições quanto ao uso do celular. Mas é necessário seguir algumas recomendações. “Pedimos sempre a eles que usem o telefone apenas nos horários de almoço ou quando não estão atendendo algum cliente. Afinal, emergências podem acontecer com alguma pessoa da família, por exemplo. Caso contrário, a gente vai chamar a atenção”, disse Simone.
A poucos metros mais a frente, em uma loja que vende roupas, a restrição é maior. Segundo Selma Cavalcanti, também gerente do estabelecimento, as funcionárias têm que estar totalmente atentas ao que acontece no ambiente de trabalho. “Aqui, o dono reclama e pega no pé, se ele vê que alguém que está no telefone ao invés de estar realizando atendimento. Ele deixa apenas usar o celular na hora do almoço. No mais, o telefone tem que estar guardado no bolso ou na bolsa delas”, falou.
MAU COMPORTAMENTO.
Para o Presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas-BA), Paulo Mota, as empresas tem que deixar claro aos seus funcionários as regras quanto ao uso ou não do celular nos estabelecimentos. “Os empresários têm que disciplinar, nas suas linhas internas, e dar o feedback ao trabalhador sobre o que pode e o que não fazer dentro da loja. Imagine você se todos os funcionários de todos os setores resolverem, ao mesmo tempo, ficar no celular. O prejuízo será grande”, analisou.
Esse comportamento por parte do funcionário, segundo Mota, é condenável e deve ser abolido por parte das empresas. “Quem não respeitar as normas da casa tem que sair mesmo”, pontuou. Por outro lado, ainda de acordo com ele, não existem registros ou reclamações trabalhistas, em Salvador, de demissões de funcionários por conta deste tipo de comportamento.
Doença moderna.
Para o professor e psicólogo Judson Riker, a atitude de ficar nas redes sociais, mesmo durante o trabalho, representa uma extensão do que já vemos nos encontros interpessoais fora do ambiente. “Acredito que esta seja uma nova doença que ainda não tenha um nome. As pessoas acabam pensando que tem uma vida social quando, na verdade, não têm vida alguma. É um verdadeiro risco que muitas delas não sabem o que estão passando”, analisou.
Segundo ele, o ambiente de trabalho em que o funcionário está lá para dar o seu melhor e colher os frutos por isso. “Caso contrário, será apenas um momento de fuga não só do próprio trabalho, como da própria vida. Se ela não consegue se adaptar a realidade, o mundo real, não tem a menor vocação para trabalhar”, considerou. 

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