FONTE: Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
De acordo com o
relatório Every Last Girl, o Brasil é o 102º lugar entre 144 países
analisados.
O alto número de casamentos infantis – antes dos 18 anos de
idade – e de meninas grávidas na adolescência coloca o Brasil entre os 50
piores países do mundo para se nascer mulher, segundo ranking divulgado
pela organização não governamental internacional Save The Children.
De acordo com o relatório Every Last Girl, o
Brasil é o 102º lugar entre 144 países analisados.
A
situação do Brasil coloca o país 14 posições atrás do Paquistão (88º lugar),
país da jovem Malala Yousafzai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz por sua luta
pelos direitos das mulheres e conhecida por ter sido perseguida e quase
assassinada pelo Taliban em seu país.
O
relatório destaca ainda o fato de o Brasil estar apenas três posições à frente
do Haiti, mesmo tendo renda média considerada alta, enquanto a ilha é um dos
lugares mais pobres do mundo.
A
situação dos países ricos, no entanto, também está aquém do esperado.
Embora possuam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre
os mais altos do mundo, países como Austrália (21º no ranking),
Reino Unido (15º), Canadá (19º) e França (18º) ficaram em posições consideradas
ruins pela Save The Children.
“Nem
todos os países ricos tiveram performances tão boas quanto poderiam”, observa o
relatório. “Isto é devido, na maior parte, à baixa proporção de mulheres
membros do Parlamento e à taxa relativamente alta de fertilidade adolescente”,
diz o documento.
Representação política.
O relatório da Save The Children leva em consideração para
o ranking alguns fatores em especial – taxas de casamentos
infantis, gravidez na adolescência, mortalidade materna, representatividade
feminina no parlamento e índice de conclusão do ensino médio pelas garotas.
O
estudo também aborda outras questões que influenciam a qualidade de vida das
meninas pelo mundo, como acesso a serviços de saúde e educação sexual,
violência de gênero, suscetibilidade a conflitos e desastres, além da exclusão
econômica.
Em
alguns casos, a fragilidade das garotas está especialmente relacionada à
condição social delas. O documento observa que “na maioria dos países, garotas
de famílias pobres são alvos preferenciais do casamento prematuro do que seus
pares de famílias ricas”.
E ainda
que “as garotas de algumas regiões em particular de alguns países são
desproporcionalmente afetadas” pelo casamento infantil. Este é o caso da
Etiópia, em que, em algumas regiões, 50% das meninas se casam antes dos 18
anos. Na capital, Adis Abeba, a taxa é de 12%.
Por
outro lado, alguns países pobres têm desempenho consideravelmente positivo em
algumas questões, como a voz feminina na política. Ruanda é o país do mundo com
maior representatividade feminina no parlamento, com 64% de congressistas
mulheres.
Este fator coloca o país na 49ª posição no ranking,
mais de 50 pontos à frente do Brasil, que tem apenas 10% de deputadas federais
e 15% de senadoras.
“Ouvir
as garotas e valorizar o que elas dizem ser suas necessidades é essencial para
determinar políticas que vão permitir que essas necessidades sejam conhecidas.
Amplificar as vozes das garotas é condição central para cumprir a promessa da
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável de não deixar a 'ninguém para
trás'”, pontua o relatório.
A questão da representatividade feminina na política é o
único fator que pesa contra Suécia, Finlândia e Noruega, os três melhores
países para se nascer garota, segundo o ranking da Save The
Children.
Nesses
países, o índice de mortalidade materna e de casamento infantil é zero e as
taxas relativas a não conclusão do ensino médio ou de gravidez na adolescência
são muito baixas. A baixa quantidade de mulheres no parlamento é o único fator
negativo que aparece relacionado a eles.
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