segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

MILITAR AGRIDE AUTISTA POR 'OLHAR ESTRANHO' SUA MULHER...

FONTE:, TRIBUNA DA BAHIA.

A mulher do militar alegou que se sentiu assediada e disse o jovem deveria usar uma camisa que o identificasse como portador da necessidade especial.
Um militar com graduação de tenente agrediu um jovem autista de 18 anos, durante um show, em Registro, no Vale do Ribeira, porque achou que ele estava "dando em cima" de sua mulher. O rapaz recebeu um soco no peito e foi xingado. Quando familiares tentaram intervir informando que ele possuía transtorno de espectro autista, a mulher do militar alegou que se sentiu assediada e, se ele tem problema mental, não deveria estar usando roupa como a de outros jovens, mas estampando na camiseta algo que identificasse o problema para as outras pessoas saberem.
A agressão aconteceu na noite do último domingo, 30, durante a festa de aniversário da cidade, com show do cantor Lenine, na Praça Beira Rio, região central da cidade. O rapaz dançava e se divertia com a mãe e outros familiares, quando foi agredido de forma repentina. Ele ficou com um hematoma no peito. Após a agressão, o jovem se mostrou arredio e quis ir para a casa, segundo a irmã, Ingrid Laís de Freitas, que estava com ele. "O Victor não quis ir para a delegacia, só queria ir para casa, por isso só fizemos o boletim de ocorrência no dia seguinte."
A mãe do rapaz, Viviane Teixeira Ribeiro, relatou à polícia que seu filho é autista e não se comunica verbalmente e que, na data, estava no show, quando passou um casal ao lado e a pessoa que se identificou como tenente Nascimento desferiu um soco no peito de Victor Hugo. O autor respondeu que Victor havia mexido com a mulher dele. Viviane perguntou se o jovem havia tocado nela, e ela disse que não, mas que ele havia "olhado estranho para ela".
Depois de saber que Victor era autista, o tenente ficou indiferente, mas a mulher alegou que a mãe deveria identificá-lo "como uma pessoa especial". Viviane considerou a atitude do militar e da esposa "preconceituosa". O jovem autista frequenta a APAE e segue tratamento para o transtorno, que se agravou após a agressão.

O boletim de ocorrência, assinado pelo delegado Marcelo Ferreira da Cruz, não traz a identificação completa do tenente e de sua esposa. Associações de defesa de pessoas portadoras de necessidades especiais acionaram a Defensoria Pública, que entrou no caso. Uma reunião está marcada com a família para a próxima segunda-feira, 5. A reportagem tentou contato com o delegado, mas não teve retorno. Também não conseguiu a identificação completa e os contatos do tenente Nascimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário