FONTE: TRIBUNA DA
BAHIA.
O antiviral oseltamivir (fosfato
de oseltamivir), de nome comercial Tamiflu, reduz a proliferação dos vírus da
gripe.
Planta considerada
daninha em muitas pastagens pode ser uma rica fonte de matéria-prima para a
indústria farmacêutica. Trabalho inédito desenvolvido pela Embrapa Meio
Ambiente (SP) e pelo Instituto Biológico (IB) conseguiu obter do
capim-marmelada (Brachiaria plantaginea) boas concentrações de ácido chiquímico
usado na produção do fosfato de oseltamivir, medicamento usado no tratamento da
gripe aviária H1N1 e conhecido pelo seu nome comercial: Tamiflu.
A pesquisa foi
desenvolvida no âmbito do projeto “Extração e purificação do ácido chiquímico
em Brachiaria sp. tratada com subdoses de glifosato” que buscou induzir
o acúmulo do ácido no capim por meio de aplicações menores do herbicida
glifosato.
Em baixa dosagem, o
glifosato atua como hormônio de crescimento e promove maior concentração do
ácido chiquímico. Ao bloquear a via metabólica desse ácido, o herbicida aumenta
a sua produção.
Com esse método, os
pesquisadores promoveram aumento dos teores do composto embora ainda menor que
do anis-estrelado, em torno de 0,3% para a Brachiaria, o anis concentra 3,05%.
“A extração do ácido chiquímico do capim-marmelada, abundante em todo o
território brasileiro pode ser uma alternativa econômica viável”, enfatiza o
pesquisador da Embrapa Antonio Luiz Cerdeira, coordenador do projeto.
A diversificação de
espécies para obtenção desse composto farmacêutico é particularmente importante
porque as fontes tradicionais estão se esgotando, de acordo com Cerdeira. Quase
toda a produção do fosfato de oseltamivir (Tamiflu) está concentrada na
extração das cascas, folhas e flores do anis-estrelado (Illicium verum), planta
cada vez mais rara no mundo e que se encontra sob risco de extinção. A planta é
cultivada principalmente na China.
Do ponto de vista
industrial, o ácido chiquímico é o composto-chave para a síntese de cosméticos
e medicamentos como o Tamiflu, único medicamento efetivo contra a gripe
aviária. “O ácido chiquímico é um importante componente da via do chiquimato
encontrada nas plantas e microrganismos, principal precursor na biossíntese dos
aminoácidos fenilalanina, triptofano e tirosina, além de outros compostos
aromáticos”, explica o pesquisador da Embrapa.
Pesquisa
Nos experimentos, implantados durante o período de 2013 a 2016, em conjunto com o Laboratório de Ciências das Plantas Daninhas (LCPD) do Centro Experimental do Instituto Biológico (CEIB) situado em Campinas (SP), chegou-se a uma melhor dose de glifosato: 36 gramas por hectare de ingrediente ativo. Segundo o agrônomo do Instituto Biológico, Marcus Matallo, seis a sete dias após a aplicação em planta adulta com dois meses de idade, já aparece o composto.
Nos experimentos, implantados durante o período de 2013 a 2016, em conjunto com o Laboratório de Ciências das Plantas Daninhas (LCPD) do Centro Experimental do Instituto Biológico (CEIB) situado em Campinas (SP), chegou-se a uma melhor dose de glifosato: 36 gramas por hectare de ingrediente ativo. Segundo o agrônomo do Instituto Biológico, Marcus Matallo, seis a sete dias após a aplicação em planta adulta com dois meses de idade, já aparece o composto.
O projeto foi
desenvolvido em duas partes. A primeira conduzida no LCPD combinou-se estudos
de campo e de laboratório, nos quais se procurou determinar o estádio de
desenvolvimento da planta, a sub-dose e a época pós-aplicação com as quais
haveria maior acúmulo do ácido chiquímico.
Posteriormente, foram
feitas a purificação do composto e a sua extração, baseadas no mesmo
procedimento de extração do anis- estrelado, nos laboratórios da Embrapa Meio
Ambiente. Todo o processo envolveu desenvolvimento de método original partindo
de outra matriz vegetal, a Brachiaria.
Posteriormente, a
equipe de pesquisa desenvolveu um método de purificação e cristalização do
ácido utilizando-se de coluna de resina Amberlit e carvão ativado, processo
adaptado de vários trabalhos científicos.
O projeto demostrou
que o capim-marmelada tem potencial para produzir ácido chiquímico e que
sub-doses de glifosato estimularam sua produção pela planta, havendo porém a
necessidade de se refinar o método de extração e purificação para se obter
melhor aproveitamento, embora não seja, ainda, competitivo com o anis-
estrelado. Os pesquisadores também procuram o ácido chiquímico em outras fontes
que dispensem a aplicação de glifosato.
O antiviral
oseltamivir (fosfato de oseltamivir), de nome comercial Tamiflu, reduz a
proliferação dos vírus da gripe, influenza A e B, por meio da inibição da
liberação de vírus de células já infectadas, da entrada do vírus em células
ainda não infectadas e da propagação do vírus no organismo. Com isso, o
medicamento promove a redução da duração dos sinais e sintomas da gripe, da
gravidade da doença e da incidência de complicações associadas à gripe.
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