FONTE: Deena Shanker, (http://noticias.uol.com.br).
Os danos e as mortes
que o cigarro causa são muito conhecidos. "Produzimos um produto que
provoca doenças", disse André Calantzopoulos, CEO da Philip Morris
International, à BBC no ano passado ao anunciar um cigarro alternativo que,
segundo a companhia, é menos nocivo.
À medida que a
popularidade do tabaco diminui nos EUA, defensores da saúde se voltam contra
outro adversário que, conforme alegam, tomou o lugar do cigarro: a indústria
alimentícia.
Comparações entre
ambas surgem com frequência, especialmente quando se trata das propagandas para
crianças. Os mesmos argumentos que os especialistas em saúde pública utilizaram
contra Joe Camel estão sendo usados contra as companhias de alimentos que usam
desenhos animados, videogames e outras propagandas direcionadas para atingir
esse mesmo grupo demográfico de futuros consumidores leais.
Mas a conexão entre
junk food e cigarros é muito mais profunda, como detalha Gary Taubes em um
revelador capítulo de seu livro "The Case Against Sugar" (O caso
contra o açúcar, em tradução livre), lançado em dezembro nos Estados Unidos.
Taubes -- autor de
"Good Calories, Bad Calories" e "Why We Get Fat" e vencedor
de três prêmios de Jornalismo de Ciência na Sociedade, da Associação Nacional
de Escritores Científicos dos EUA, e de um prêmio da Fundação Robert Wood Johnson
de Investigação em Pesquisa sobre Saúde Pública -- argumenta que o açúcar é o
principal causador das doenças crônicas que assolam a civilização ocidental no
século 21, como (mas não apenas) diabetes, cardiopatia e obesidade.
"Se este fosse
um processo penal", escreve ele na nota do autor, "o livro 'The Case
Against Sugar' seria o argumento da promotoria". Esse argumento é
convincente, apesar de um pouco cansativo.
Vínculo
entre tabaco e açúcar.
O tabaco em si contém
açúcar natural, que o processamento altera. Embora a secagem em ar quente
aumente o conteúdo de açúcar, o que torna o tabaco mais palatável para os
fumantes, ela também reduz o conteúdo de nicotina, um estimulante que vicia.
Por volta do começo
do século 20, o setor descobriu um modo de fazer com que seu produto fosse ao
mesmo tempo mais agradável de fumar e tivesse um teor de nicotina mais elevado.
A secagem do tabaco cria teores relativamente altos de nicotina que é absorvida
com facilidade; embebê-lo em açúcar, a seguir, realça o sabor.
Pesquisas recentes do
setor concluíram que a adição de açúcar não torna os cigarros mais tóxicos, mas
outras pesquisas confirmam que o açúcar
melhora o sabor do cigarro, o que leva as pessoas a fumar mais.
Embora o açúcar
continue sendo um componente dos cigarros hoje em dia, poucas pessoas sabem
isso.
"É um fato
praticamente desconhecido", disse Taubes em uma entrevista, observando que
o assunto foi abordado no livro "Sugar Blues", um clássico de 1975
contrário ao açúcar, e em "Golden Holocaust", que atacou os cigarros
em 2012. Taubes pensou em omitir essa informação de seu livro, porque não era
central em seus argumentos contra o açúcar na dieta.
Mas ele acabou
considerando: "Como posso não contar essa história neste livro?".
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