FONTE: André Carvalho, Do UOL, em São Paulo (http://noticias.uol.com.br).
Um teste realizado
neste mês com carnes de boi, embutidos e de frango em amostras de carne de
supermercados de São Paulo encontrou irregularidades em produtos de cinco
marcas de carne e embutidos: Ceratti, Confiança, Friboi JBS, Frialto e Montana.
Em amostras de três
empresas, havia um conservante proibido na carne. O nitrato, aditivo cujo uso é
permitido apenas em carnes processadas e embutidas, foi encontrado em cortes de
contrafilé Friboi JBS e em picanhas das marcas Frialto e Montana.
Em exemplares de
outras duas empresas, o problema foi a descoberta de uma substância típica de
gordura mal conservada e deteriorada. A presença de peróxido acima do normal
foi observada em mortadelas Ceratti e Confiança.
O estudo foi
conduzido pela Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, sendo
a segunda fase do estudo com carnes bovinas, embutidos e cortes de frango.
A primeira etapa dos
testes se deu após a "Operação Carne Fraca", deflagrada pela Polícia
Federal em março deste ano.
Nesta primeira fase,
já havia sido encontrada a
presença de listeria e salmonella em cinco frigoríficos.
Presença de nitrato em contrafilés
e picanhas e sinais de deterioração em mortadelas.
O aditivo nitrato,
encontrado neste segundo teste realizado pelo Proteste em em cortes de
contrafilé Friboi JBS e nas picanhas Frialto, é empregado em carnes com o
objetivo de melhorar seu aspecto e prevenir o crescimento de micróbios, além de
atuar como antioxidante.
A Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, porém, só autorizam o seu uso em carnes processadas e embutidas,
sendo proibida sua utilização em carnes frescas e congeladas.
Já os peróxidos são
os primeiros compostos formados quando há a deterioração de uma gordura. A
presença deles em amostras de mortadela Ceratti e Confiança, indica, então, que
estes produtos não estavam bem conservados.
Empresas negam uso de
conservante e contestam teste.
Procurada pela
reportagem do UOL, a Friboi afirma que "suas carnes in
natura são comercializadas livres de quaisquer conservantes e que não utiliza
nitrato em nenhum momento do processo".
O comunicado emitido
pela assessoria de imprensa afirma, ainda, que a marca "coloca-se à
disposição para enviar a lista oficial de compras da unidade citada, bem como
de todas as outras plantas que fabricam produtos in natura, e, assim, comprovar
que a substância não é adquirida por essas plantas."
A Friboi também
contesta o fato de a Proteste não ter informado o laboratório que realizou a
análise e diz que "o laudo apresentado não atende ao padrão estabelecido
pela norma técnica da ABNT ISO/IEC 17025/2005 para emissão de resultados".
Além disso, a marca
informa que "não foi alvo da Carne Fraca e não teve nenhum produto ou
funcionário citado na Operação".
A Mafrig,
proprietária da marca Montana, em comunicado, afirma que "conta com um
rigoroso processo de garantia da qualidade e de segurança alimentar, mantendo
toda a documentação pertinente aos testes realizados em amostras coletadas de
cada lote. O produto só é liberado para o mercado após a validação da área de
garantia de qualidade".
A nota também diz que
"as unidades de produção passam ainda por auditorias periódicas realizadas
por empresas independentes" e que eles não fazem uso de nitrato em carnes
in natura. Além disso, a marca diz que não tiveram acesso "aos critérios
utilizados pelo Instituto Proteste para análise das amostras de produtos".
Proprietária da marca
Confiança, a Seara afirma que "não teve acesso à metodologia adotada nos
testes de seus produtos, laboratórios em que foram realizados, locais em que
foram adquiridos, condições em que os produtos foram armazenados e critérios
adotados".
As marcas Ceratti e
Frialto também foram procuradas pela reportagem, mas não responderam aos
questionamentos até o fechamento deste texto.
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