segunda-feira, 24 de julho de 2017

A HISTÓRIA QUE DEU ORIGEM AO MITO DA LIGAÇÃO ENTRE VACINAS E AUTISMO...

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Paula Adamo Idoeta - @paulaidoeta - Da BBC Brasil em São Paulo, (http://noticias.uol.com.br).

O dia 26 de fevereiro de 1998 marcou o início de uma desconfiança internacional sobre vacinas que reverbera até hoje, quase 20 anos depois.

Foi naquele dia, em Londres, que o médico Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa preliminar, publicada na conceituada revista Lancet, descrevendo 12 crianças que desenvolveram comportamentos autistas e inflamação intestinal grave. Em comum, dizia o estudo, as crianças tinham vestígios do vírus do sarampo no corpo.

Wakefield e seus colegas de estudo levantaram a possibilidade de um "vínculo causal" desses problemas com a vacina MMR, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba e que havia sido aplicada em 11 das crianças estudadas.

Wakefield reconhecia que se tratava apenas de uma hipótese de que as vacinas poderiam causar problemas gastrointestinais, os quais levariam a uma inflamação no cérebro - e talvez ao autismo. Foi o suficiente, porém, para que índices de vacinação de MMR começassem a cair no Reino Unido e, mais tarde, ao redor do mundo.

Essa história está sendo resgatada por um livro recém-lançado no Brasil, Outra Sintonia, em que os autores John Donvan e Caren Zucker narram a história do autismo na sociedade. O livro dedica um capítulo inteiro à polêmica em torno das vacinas - num momento em que, no Brasil e no mundo, debates sobre vacinação continuam fortes.

Na Europa, uma epidemia de sarampo resultante da queda da imunização teve ao menos 500 infectados no primeiro trimestre deste ano e deixou as autoridades em alerta. Em resposta, países como Itália e Alemanha passaram a discutir punições para quem deixe de vacinar seus filhos.

Moraes diz também que as rotinas de mães e pais que trabalham precisam ser levadas em conta.

"Às vezes há dificuldades de acesso ao sistema de saúde pública: muitos pais não conseguem ir (durante o horário de expediente) ao posto de saúde dar as vacinas, o que diminui a cobertura, por exemplo, das doses de reforço ou das que são dadas quando a criança tem um ano de idade."

Segundo o especialista, muitos dos questionamentos que afastam os pais da vacinação têm resposta.

Ele argumenta que as doses múltiplas de vacinas não causam problemas em bebês. "Quando a criança nasce, entra em contato com milhares de substâncias novas. Ela dá conta com folga do volume de antígenos (presente nas vacinas múltiplas)."

Sobre o timerosal, que causa temores por causa do mercúrio, de fato a substância pode causar problemas neurológicos, mas em doses mais altas. "A vacina tem uma dose mínima, e de qualquer forma o timerosal é só usado para as multidoses (em que um mesmo frasco serve para vacinar múltiplos pacientes), cada vez mais raras no Brasil."

Em relação às críticas à indústria farmacêutica, Moraes afirma que "uma parcela importante das vacinas brasileiras é feita por laboratórios públicos, como o Butantan. É claro que há interesses comerciais, mas acredito que a exigência de segurança para vacinas seja maior do que para os medicamentos comuns".


Hoje, segundo a OMS, as vacinas salvam de 2 a 3 milhões de vidas por ano no mundo.

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