"Meu filho está agressivo",
queixou-se uma paciente certa vez ao psiquiatra e colunista do jornal O
Estado de S. Paulo Daniel Martins de Barros. Ao conversar com a mãe, o
profissional percebeu a raiz do problema: ela estava deprimida. Após responder
ao tratamento, revelou ao médico: "Meu filho sarou". Ao longo dos
anos, o consultório serviu como laboratório para a elaboração do livro de
autoajuda que Barros lança nesta quarta-feira, 12.
Pílulas de Bem-Estar (Editora
Sextante, R$ 26,80 no site da Amazon) traz 84 lições cientificamente
comprovadas para transformar hábitos e viver melhor.
Seu livro usa a
autoajuda para popularizar a ciência?
Não consigo dar outro enquadro para o
livro que não seja, ao mesmo tempo, autoajuda e divulgação científica. Sou
acadêmico e continuo a minha atuação na academia. Só que gosto muito de
comunicação. Aliás, acho que sou mais comunicador do que cientista. A
universidade tem um tripé, que é ensino, pesquisa e extensão.
Ensino é formar as pessoas, pesquisa é criar conhecimento. E extensão é levar conhecimento que está sendo criado na academia para além de seus muros, para a comunidade. Extensão universitária também é a divulgação científica. É fazer uma comunicação em massa, traduzindo o que as pesquisas estão trazendo de conhecimento para aplicação na vida das pessoas. Não abandonei a academia para vir fazer autoajuda. É isso que me deixa confortável para falar que é autoajuda.
Ensino é formar as pessoas, pesquisa é criar conhecimento. E extensão é levar conhecimento que está sendo criado na academia para além de seus muros, para a comunidade. Extensão universitária também é a divulgação científica. É fazer uma comunicação em massa, traduzindo o que as pesquisas estão trazendo de conhecimento para aplicação na vida das pessoas. Não abandonei a academia para vir fazer autoajuda. É isso que me deixa confortável para falar que é autoajuda.
Além do
conhecimento da academia, em que medida a sua experiência como psiquiatra em
consultório se manifesta na sua obra?
A minha prática, o dia a dia de lidar
com gente, mostrou para mim principalmente quais são as grandes demandas das
pessoas. O problema é sempre no trabalho ou na família. Lógico que a pessoa
pode ficar deprimida sem ter um problema - às vezes, é uma questão biológica.
Cada um que me procura é uma pessoa,
mas os conflitos muitas vezes são parecidos. As demandas são parecidas. As
buscas também: por relacionamento, por vida saudável, por felicidade, por
diminuir o estresse, por como se proteger desse estresse louco que nos cerca.
Dessa minha prática veio a estruturação básica do livro.
Como psiquiatra, o
senhor estimula a meditação, por várias vezes citada no livro?
Muito. Das pílulas mágicas, aquelas
que ajudam em todas as seções e por isso estão à parte no fim do livro,
recomendo todas nas consultas. Ensino as técnicas básicas de meditação,
recomendo fazer atividade física e seguir dieta saudável. Isso vem não são só
de teorias, mas dos estudos que li. Vejo na prática a melhora.
Como os pais podem
ensinar os filhos, desde cedo, a colocar em prática essas pílulas para que
possam crescer com mais bem-estar?
Quando um pai ou uma mãe está em
depressão ou está muito ansioso, toda vez que a pessoa melhora depois do
tratamento, o comportamento do filho melhora. Invariavelmente. Porque os afetos
são contagiosos. Se você está irritado, hostil, estressado, você reage e
interage dessa maneira. Isso se reflete no comportamento dos filhos.
Pai ansioso cria filho ansioso, pai
deprimido cria filho deprimido, pai preocupado cria filho preocupado. A melhor
maneira de um pai cuidar do seu filho, nesse sentido, é aplicar em si mesmo
essas pílulas. Você estando mais tranquilo, animado, emotivo, envolvido
afetivamente, mais presente, você vai certamente fazer uma diferença positiva
na vida do seu filho. O comportamento dos pais sempre se reflete no
comportamento dos filhos.
Todas as pílulas do
livro passam uma mensagem nas entrelinhas da busca pelo equilíbrio...
Isso me remete às virtudes de
Aristóteles (o filósofo). Ele já dizia lá na Grécia Antiga, milênios atrás, que
a virtude está no meio. Ele dizia assim, por exemplo: 'A coragem é uma
virtude'. Mas a coragem em excesso já é irresponsabilidade. E a coragem de
menos já é covardia. Então, a coragem é este meio termo entre a covardia e a
irresponsabilidade. E é assim para tudo. Esse comedimento, esse meio-termo,
esse equilíbrio entre as várias áreas da vida é que vai trazer o bem-estar que,
no fim, é o que todo mundo quer.
Se o senhor pudesse
destacar somente três pílulas de todo o livro, quais seriam?
Acho que as quatro pílulas mágicas são
fundamentais. Seriam: dieta saudável, exercício físico, bom sono e rede de
relacionamentos. Elas ajudam em várias seções da nossa vida, na felicidade, na
longevidade, no combate ao estresse. Quando cuidamos disso, nos aproximamos
mais daquilo para o que evoluímos, ou seja, respeitamos mais a nossa natureza.
*** As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
*** As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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