FONTE: Deborah Giannini, Colaboração para o UOL, em São Paulo, (http://noticias.uol.com.br).
Pesquisadores da USP,
em parceria com a Universidade de Louisiana, nos Estados Unidos, conseguiram um
feito inédito: matar células infectadas com HIV, inclusive as "adormecidas",
sem causar danos a células saudáveis.
A imunotoxina
desenvolvida pelos cientistas matou 90% das células doentes em apenas dez
minutos, em laboratório. "A pesquisa foi bem-sucedida, mas ainda há uma
longa fase de testes para ela que possa ser validada como terapia em
humanos", explica o professor Francisco Guimarães, supervisor do estudo no
Instituto de Física da USP de São Carlos, interior de São Paulo.
Utilizada na imunoterapia, a imunotoxina é uma associação entre um anticorpo e uma toxina. No caso deste trabalho, este complexo é composto por um anticorpo que reconhece células infectadas pelo vírus HIV e pela toxina pulchellina, proteína extraída de uma trepadeira nativa do Nordeste, a Abrus pulchellus tenuiflorus. A imunotoxina realiza um "trabalho em equipe": o anticorpo localiza a célula doente e a toxina, mata.
De acordo com o físico biomolecular Mohammad Sadraeian, autor do projeto, os medicamentos atuais para o tratamento de HIV, chamados de terapia antirretroviral, diminuem a quantidade do vírus no sangue, porém não atuam nos que estão ocultos no organismo.
Utilizada na imunoterapia, a imunotoxina é uma associação entre um anticorpo e uma toxina. No caso deste trabalho, este complexo é composto por um anticorpo que reconhece células infectadas pelo vírus HIV e pela toxina pulchellina, proteína extraída de uma trepadeira nativa do Nordeste, a Abrus pulchellus tenuiflorus. A imunotoxina realiza um "trabalho em equipe": o anticorpo localiza a célula doente e a toxina, mata.
De acordo com o físico biomolecular Mohammad Sadraeian, autor do projeto, os medicamentos atuais para o tratamento de HIV, chamados de terapia antirretroviral, diminuem a quantidade do vírus no sangue, porém não atuam nos que estão ocultos no organismo.
"Existem
imunotoxinas no mercado que são eficazes para tratamento de células cancerosas.
Mas elas não são capazes de matar células adormecidas, como as células infectadas
pelo HIV", explica.
De acordo com o
Ministério da Saúde, há 827 mil pessoas portadoras de HIV, vírus causador da
Aids, no Brasil. No mundo, 36,7 milhões de pessoas vivem com a doença, segundo
dados da Unaids, programa da ONU para o combate do HIV.
Plantas venenosas com
potencial de cura.
Além da trepadeira
utilizada neste estudo, outras plantas com alta toxicidade presentes na flora
brasileira dispõem de potencial para tratamento de doenças, como o HIV.
Se ligadas a um
anticorpo específico, como fizemos, a ricina, proteína da mamona, e a abrina,
do jequiriti, teriam potência para tratamento, em teoria, porque, assim como a
pulchellina, apresentam alta toxicidade".
Ana Paula de
Araújo, bióloga da equipe de pesquisa.
O jequiriti é nativo
da região Sudeste e a mamoma está presente no país inteiro. "Temos no
Brasil um arsenal de produtos biológicos a nosso dispor. Só precisamos conhecer
bem suas moléculas para podermos utilizá-las em termos farmacológicos",
completa.
Na pesquisa da USP,
foram realizados trabalhos com a pulchellina e a ricina, em paralelo, para
efeito de comparação. "Optamos pela pulchellina por já trabalharmos com
ela, além de ter algumas vantagens em termos de ligá-la ao anticorpo e da
facilidade em produzi-la", explica Ana Paula.
A ricina foi
reconhecida há mais de um século e tem aprovação do FDA (Food and Drug
Administration), agência norte-americana de fiscalização e regulamentação de
alimentos e remédios, para tratamento de câncer, enquanto a pulchellina foi
descoberta nos últimos 30 anos e ainda não foi regulamentada. Há semelhanças
entre elas em relação às propriedades estruturais e funções biológicas, mas não
há registro do uso da pulchellina em terapias direcionadas.
Plantas tóxicas na
medicina e na guerra.
Plantas tóxicas têm
sido utilizadas ao longo da história tanto em medicamentos quanto como armas
químicas. Em 2013, o FBI interceptou uma carta com ricina enviada ao então
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Na ocasião, a mesma substância foi
encontrada em uma carta enviada ao senador republicano Roger Wicker.
A substância também
aparece na série norte-americana "Breaking Bad", na qual um químico
resolve, após tragédias pessoais, utilizar seus conhecimentos acadêmicos para
produzir e vender metanfetamina, droga ilegal nos Estados Unidos. Na série, ele
utiliza a ricina para "eliminar" inimigos.
Na década
de 1970, um jornalista búlgaro morreu após um homem injetar ricina em sua perna
com a ponta de um guarda-chuva em Londres.
A substância teria
sido usada ainda na Guerra Irã-Iraque, nos anos 1980. "O exército
americano fomentou pesquisa para desenvolver um antídoto contra essa arma
química. É possível matar um pelotão com a ricina. Mas em nosso trabalho com a
pulchellina, estamos utilizando sua toxidade com o objetivo de salvar
vidas", afirma Guimarães.
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