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Pacientes têm até quatro vezes mais chance de ter um enfarte.
A diabete, geralmente, é associada a consequências como perda de visão,
problemas renais e amputação de membros inferiores. Ainda que os pacientes
possam ser afetados por elas, poucos se atentam à relação da doença com o
desenvolvimento de problemas cardiovasculares, como enfarte e acidente vascular
cerebral (AVC), que são a principal causa de morte em dois a cada três
diabéticos, segundo a Associação Americana de Diabetes e uma pesquisa
da Universidade de Chester, na Inglaterra.
Em um estudo realizado nos países bascos, os pesquisadores citam que
cerca de 80% dos pacientes com diabete tipo 2 morrem em decorrência de
complicações relacionadas ao coração. No Brasil, o número de diabéticos
cresceu 61,8% nos últimos dez anos, sendo que a do tipo 2 representa 90% dos
casos diagnosticados.
"A diabete traz uma série de problemas metabólicos que acabam
levando à degeneração dos vasos, das artérias coronárias, o que acaba levando
ao entupimento desses vasos", explica o cardiologista José Francisco Kerr
Saraiva, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.
"Essa inflamação dos vasos, associada ao aumento da glicose e excesso de
peso, leva ao estreitamento dos vasos", diz.
Essa inflamação é causada pelo aumento da glicose no sangue, aliado à
ausência ou ação inadequada da insulina, o que favorece o surgimento de placas
de gordura nas paredes das artérias. Se somarmos a isso o aumento do colesterol
ruim, que quando em excesso também se acumula nos vasos, temos um quadro propício
ao enfarte, se atingir o coração, e ao AVC, caso as placas se desloquem para o
cérebro.
Por isso, além de controlar a glicemia, os diabéticos precisam cuidar
dos níveis de colesterol que, no caso deles, deve ser mantido abaixo
dos 70mg/dl de acordo com as novas diretrizes estabelecidas pela Sociedade
Brasileira de Cardiologia. Pessoas que não têm fatores de risco podem ter o
índice de até 130 mg/dl.
Saraiva alerta ainda que a diabete aumenta a chance de a pessoa
ter fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca que eleva o risco de
AVC. A doença faz com que o coração bata de forma descompassada e
irregular, favorecendo a formação de cóagulos.
"É preciso cuidar como um todo. Modificar hábitos de vida, ter
alimentação saudável, fazer atividade física, gerenciar o estresse - que é
muito comum hoje em dia -, monitorar a doença e usar as medicações conforme
orientado", recomenda o endocrinologista Luiz Turatti, presidente da
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Ele alerta ainda que pacientes diabéticos
têm risco estimado de duas a quatro vezes maior de ter um enfarte quando
comparados com aqueles que não possuem a doença.
Os especialistas alertam também para o controle do peso. A diabete tipo
2 está, na maioria dos casos, associada à obesidade, que também provoca excesso
de gordura nas artérias. No País, metade da população está acima do peso, sendo
que 18,9% é obesa de acordo com dados da Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2016. Segundo
o cardiologista Saraiva, mais de 80% dos diabéticos são obesos.
Falta conhecimento.
Em uma pesquisa do Ibope Inteligência, 42% dos 600 internautas e 56% dos
145 diabéticos acham que doença cardíaca pode ser uma consequência da diabete.
A pesquisa online foi realizada com homens e mulheres a partir de 18 anos de
idade, pertencentes às classes sociais A, B e C e moradores das cidades de São
Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Brasília e Belo Horizonte. O
cardiologista acredita que se a amostra for maior, a taxa de associação pode
ser menor.
A pesquisa também perguntou aos diabéticos qual o maior medo deles em
relação à doença: 32% disseram que temem amputar algum membro do corpo, mesma
porcentagem para o risco de ficar cego. O menor medo é ter alguma doença
cardíaca (3%) ou restrição alimentar (2%).
Com o alerta desses dados, o cardiologista reforça os cuidados que os
diabéticos devem ter com a saúde no geral e resume em três pontos. "Fazer
prevenção da obesidade, porque temos de prevenir a diabete; controlar a glicose
com medicamento; controlar pressão e colesterol", orienta Saraiva. Por
fim, caso o paciente tenha algum problema cardíaco, a recomendação é sempre
buscar um médico para fazer o tratamento específico.
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