Os dentes são a
estrutura mais resistente do corpo humano. À base de cálcio e fosfato, são mais
rígidos que os ossos que sustentam todo nosso organismo. Porém, cada vez que
comemos açúcar, as bactérias que vivem naturalmente na boca e aderem aos dentes
transformam esse ingrediente em um poderoso ácido que gera as lesões de
cárie.
O açúcar também reduz o
pH da boca, de forma que a saliva perde seu poder de repor os minerais dos
dentes. Dentro dessa sequência de ações e reações biológicas, o flúor tem papel
de destaque, pois reduz a quantidade de minerais que o dente perderia. No
momento em que a ingestão de açúcar para e o pH volta ao normal, o flúor também
acelera de duas a quatro vezes o processo de remineralização desempenhado pela
saliva. Todo esse sistema de perdas e reposição acontece cerca 20 minutos
depois de cada ingestão de açúcar, ou seja, se repete diversas vezes durante o
dia.
“Cada vez que o dente é
atacado por ácidos, ele perde cálcio e fosfato, em um processo chamado de
desmineralização. Quando isso acontece, os minerais são diluídos na saliva e
acabam sendo perdidos”, afirma Dr. Jaime Aparecido Cury (CROSP 10775) professor
de Bioquímica e Cariologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (Unicamp).
O flúor é um elemento
amplamente espalhado na natureza, presente de forma natural na água. Porém,
como geralmente é encontrado em quantidade insignificante, sua concentração é
ajustada durante o tratamento a fim de obter a dose necessária para gerar um
efeito anticárie, sem nenhuma consequência negativa para a saúde das
populações. Campanhas contra a adição de flúor na água tem se repetido desde a
década de 50 e a substância tem sido responsabilizada por doenças de causas
desconhecidas, porém, de acordo com Cury, até momento nada foi comprovado
cientificamente.
“O flúor não impede que as bactérias da saliva
se aglomerem nos dentes formando biofilme dental e também não tem a propriedade
de impedir que os microrganismos que vivem nesses biofilmes transformem o
açúcar em ácido. A principal ação do flúor é reduzir a quantidade de mineral
que o dente perde diariamente, contrabalanceando o efeito do açúcar”, afirma o
especialista. Segundo o professor, a cárie poderia ser totalmente controlável
se fosse feita higiene bucal com pasta fluoretada pelo menos duas vezes por dia
e se o açúcar fosse ingerido de forma moderada, em horários específicos e não
diversas vezes. Cury ressalta que a cárie não é provocada por falta de uso de
flúor, mas sim, pelo consumo frequente de produtos açucarados.
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