FONTE: *** Jairo Bouer, http://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br
Aplicativos de
encontros para gays são voltados para maiores de 18 anos, mas todo mundo sabe
que adolescentes também usam essas ferramentas para conhecer gente. É difícil
saber quantos menores fazem isso por motivos óbvios – eles mentem a idade. Mas
um estudo recém-publicado nos Estados Unidos pode dar pelo menos uma ideia:
segundo o levantamento, mais da metade dos garotos gays e bissexuais de 14 a 17
anos usam apps como Grindr e Scruff para fazer amigos ou encontrar parceiros.
Os resultados, obtidos
por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Northwestern,
foram publicados no Journal of Adolescent Health. A equipe observou que os
aplicativos são atraentes para os mais jovens porque eles são mais propensos a
esconder sua identidade sexual em casa ou na escola. Assim, a internet é vista
como uma maneira mais discreta de buscar parceiros para as primeiras relações
sexuais.
O trabalho contou com
200 jovens sexualmente ativos, convidados a participar do estudo por redes como
Facebook e Instagram. Mais de 80% afirmaram usar os aplicativos ou sites de
encontros por achar que é mais fácil encontrar outros gays e bissexuais dessa
forma do que nos ambientes que frequentam. E 30% disseram usar essas
tecnologias para não serem flagrados por colegas heterossexuais.
Os autores destacam que
os aplicativos trazem benefícios para esse público, como obter confiança e se
sentir mais confortável em relação à própria sexualidade. Ter um círculo de
amigos com a mesma identidade sexual também é uma forma de evitar a depressão e
o isolamento, e até de obter informação sobre saúde. O estudo mostrou que os
adolescentes que usam esses aplicativos são mais propensos a buscar o teste de
HIV.
O problema é que a
maioria dos garotos admitiu não ter usado a camisinha em 100% dos encontros
marcados pelos apps. Vale lembrar que jovens gays e bissexuais são hoje o grupo
em que a infecção pelo vírus da Aids mais aumenta, tanto nos Estados Unidos
quanto no Brasil.
Infelizmente, há poucas
políticas de prevenção realmente direcionadas para os adolescentes. Se eles não
podem abrir sua orientação sexual pelo receio de rejeição na família ou
bullying na escola, para quem vão fazer perguntas? Como não dá para evitar que
menores de idade utilizem esses serviços e tenham encontros sexuais, é
importante que pais e educadores sejam mais proativos para conversar não só
sobre saúde, mas também sobre segurança na internet.
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