Para
Camila Ghattas, até 2029 haverá um computador com o mesmo nível cognitivo de um
ser humano; e em 2045, uma máquina apenas terá mais capacidade do que todas
pessoas reunidas.
Um futuro melhor é o desejo
da maioria das pessoas, mas poucos são aqueles que tomam uma ação concreta para
conseguir o objetivo. É exatamente sobre a necessidade de adotar práticas
relevantes no presente que a futuróloga e cofundadora da agência de consultoria
Diip, Camila Ghattas, falará na conferência “.Futuro | Rio”, que acontece
nestas quinta e sexta-feira (17 e 18) no Hotel Prodigy Santos Dumont, próximo
ao aeroporto, no Rio. O evento reúne especialistas de diversas áreas para falar
sobre a influência da tecnologia na sociedade.
O que é a futurologia?
Quando pensamos em
futurologia, é importante considerar a capacidade que temos de construir
futuros melhores. Para que isso seja possível, temos que começar a fazer algo
já. As pessoas associam o futuro a previsão. Muitos me perguntam: o que você
prevê? Na verdade, isso depende da nossa habilidade de construir o agora. A
futurologia é uma ciência que tem a habilidade de ensinar as pessoas como devem
agir agora para criar o futuro que querem.
Subutilizamos a
tecnologia disponível?
A tecnologia se
desenvolve em escala muito maior do que o nosso cérebro consegue acompanhar.
Quando falamos em “nanobots” (nanorrobôs), a primeira afirmação é que isso
nunca vai ser possível. Mas as pessoas pensavam o mesmo sobre o celular. Não é
só quem tem dinheiro que tem acesso à tecnologia. Temos que entender a
tecnologia de forma mais ampla, como um processo de evolução.
Como as tecnologias
podem ajudar, por exemplo, a solucionar a crise do Rio?
É uma questão política,
social, econômica. A tecnologia em si não tem a capacidade de salvar ninguém, é
o rumo que se dá a ela que pode fazer isso. Há várias empresas que conseguem
prever uma situação por meio de algoritmos, como um ataque ou um roubo, e
evitá-la. Flexibilidade e adaptação são características que o digital trouxe
que se incorporaram ao nosso DNA e à nossa forma de pensar.
Quais os riscos que a
tecnologia pode trazer?
Sou positiva. Assim
como as pessoas perguntam “e se Hitler tivesse domínio sobre a inteligência
artificial”, eu pergunto de volta: e se Gandhi tivesse? Acho que a gente tem
que ter cuidado com algumas coisas. A questão da privacidade é muito discutida.
Cabe às empresas serem responsáveis pelas informações que coletam, porque são
dados muito sensíveis e que não devem ser usados para fins individuais.
Quais os limites éticos
do uso dessas tecnologias?
Até 2029 teremos um
computador com mesmo nível cognitivo que um cérebro humano. Em 2045, será o
momento em que apenas um computador terá mais capacidade que todos os cérebros
juntos na Terra. A tecnologia não está contra a gente. Existem muitos limites
éticos, e por isso a transparência tem sido cada vez mais um assunto em pauta.
É preciso ficar claro o que eu estou dando de informação e o que estou ganhando
em troca.
A corrida tecnológica
pode acentuar desigualdades?
A disparidade tem
diminuído por conta da tecnologia. Hoje, mesmo aquelas pessoas que não sabem
ler e escrever estão no WhatsApp, porque lá podem mandar áudio, foto, vídeo.
Caminhamos muito mais para um mundo de abundância que de escassez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário